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8 de May, 2025

Moçambique pode voltar a refinar combustíveis para consumo interno e regional

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O país poderá voltar a ter uma refinaria para processar diversos combustíveis líquidos para o consumo interno e para a exportação, tal como acontecia na época colonial até aos anos oitenta. O anúncio foi feito esta quarta-feira (07), em Maputo, pelo Presidente da República (PR), Daniel Chapo, após testemunhar a assinatura de um Memorando de Entendimento entre a empresa pública, Petróleos de Moçambique (PETROMOC), e o grupo nigeriano Aiteo Eastern E&P Company, visando a construção de uma refinaria modular em Moçambique.

O memorando foi assinado durante a 11ª Conferência e Exposição de Mineração e Energia de Moçambique (MMEC, sigla em inglês), na qual Chapo detalhou que a refinaria terá uma capacidade de processamento de 3 200 mil barris por dia de combustíveis líquidos e infra-estruturas de armazenagem de combustíveis líquidos e gasosos.

Segundo Chapo, o Projecto será implementado num período máximo de dois anos, permitindo o acréscimo da capacidade de armazenagem em 160 mil toneladas métricas para combustíveis líquidos e 24 mil toneladas métricas para Gás de Petróleo Liquefeito (GPL). Dotada de tecnologia e equipamentos de ponta, a refinaria produzirá Gasolina, Gasóleo, Nafta e Jet A1, visando o abastecimento do mercado nacional e regional.

“Trata-se de um projecto transformador, que vai posicionar Moçambique como um actor relevante na cadeia de valor dos combustíveis líquidos, com impacto positivo na criação de emprego, sobretudo para a nossa juventude, no Produto Interno Bruto, na substituição de importações e no aumento das exportações, contribuindo assim para o equilíbrio da balança comercial na República de Moçambique”, explicou o Chefe de Estado.

No mesmo evento, o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da PETROMOC, Hélder Chambisse, detalhou que o memorando visa a realização de um estudo de viabilidade que deverá levar um ano. “Com base nesse memorando de entendimento que assinamos hoje, vamos iniciar um estudo de viabilidade que consiste em analisar o mercado, as condições existentes, quer em termos de espaço, quer no que diz respeito à tecnologia apropriada, o mercado e, a partir daí, avaliarmos essa possibilidade. O estudo será feito no prazo máximo de 12 meses”, explicou Chambisse.

Caso o estudo conclua haver condições, o PCA da PETROMOC assegurou que o país voltará a ter uma refinaria como na época colonial até à década de 1980. Até à data, a refinaria era gerida pela Sociedade Nacional de Refinação. Segundo Chambisse, a refinaria parou de operar porque não se alinhou às mudanças tecnológicas e de mercado e, como consequência, a sua continuidade não era economicamente viável.

Por seu turno, o Director Geral do Grupo AITEO, Victor Okoronkwo, disse que a parceria com a PETROMOC visa “aprofundar ainda mais o sector downstream de Moçambique. Juntos, estamos empenhados numa capacidade de refinação de 240 mil barris por dia para servir não só Moçambique, mas a região da SADC a longo prazo”. O Group Aiteo desenvolve as suas actividades há 25 anos nos sectores da mineração, electricidade, petróleo e gás, projectando, desenvolvendo e implementando projectos complexos de infra-estruturas de grande escala.

Hoje, último dos dois dias da 11ª edição da MMEC, o Centro de Conferências Joaquim Chissano irá também testemunhar a assinatura de mais um acordo no sector de hidrocarbonetos, entre a República de Moçambique e a República da Zâmbia para a cooperação no planeamento e desenvolvimento de um gasoduto entre as cidades da Beira, no centro de Moçambique, e Ndola, na Zâmbia.

Segundo o Chefe de Estado, o gasoduto vai permitir o transporte de produtos petrolíferos para o mercado zambiano, reduzindo a circulação de camiões nas estradas e, principalmente, na Estrada Nacional Número 6, na República de Moçambique, que liga o Porto da Beira à República da Zâmbia.

“Com a previsão de comissionamento dentro de quatro anos e um investimento de cerca de 1.5 bilião de USD, o gasoduto terá a capacidade para o transporte de 3.5 milhões de toneladas métricas por ano e engloba a construção de infra-estruturas de armazenamento em ambas províncias, portanto, província de Sofala, na cidade da Beira, e Ndola, na Zâmbia”, acrescentou Chapo.

A MMEC é organizada pela AME Moçambique Ltd com o apoio de importantes sectores públicos e privados, incluindo o Ministério dos Recursos Minerais e Energia e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH). Ao longo dos anos, o evento consolidou-se como o principal de Moçambique para networking e investimento nos sectores da mineração, energia e petróleo e gás, oferecendo valiosos insights sobre as reformas sectoriais, as tendências de mercado e as oportunidades de projectos estratégicos.

A 11ª edição da MMEC reúne funcionários do governo, promotores de projectos, investidores, operadores e líderes da indústria de toda a África e do mundo. A MMEC 2025 será realizada sob o tema: “Investir numa Nova Era: Transformar os Recursos Naturais de Moçambique para Estimular Industrialização e Integração Regional”, destacando como a vasta riqueza de recursos do país pode impulsionar o crescimento industrial inclusivo, desbloquear novos mercados e reforçar a cooperação regional através do investimento sustentável e parcerias inovadoras.

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