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10 de June, 2025

Adeus a Lopes Tembe: “Moçambique perde um dos seus melhores filhos” – Daniel Chapo

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Foram enterrar, na tarde desta terça-feira, os restos mortais de Lopes Tembe Ndelana, co-fundador da UDENAMO (um dos movimentos nacionalistas que deram corpo à Frelimo), falecido no passado dia 04 de Junho, vítima de doença. O velório decorreu na sede nacional do partido Frelimo, tendo sido dirigido pelo Presidente do partido, Daniel Francisco Chapo.

Para o Presidente do partido no poder, Moçambique perdeu “um dos seus melhores filhos”, um dos “nacionalistas convictos” que “desde a primeira hora se entregou à causa do povo moçambicano”, tendo-se tornado numa figura “incontornável na história de libertação e afirmação da nação moçambicana”.

Segundo Chapo, Lopes Tembe destacou-se pelo seu carisma, humildade, responsabilidade, competência e humanismo. A sua vida, diz o Presidente da Frelimo, “foi marcada pelo rigor, modéstia, humildade e pelo compromisso com os valores da independência, da pátria, da unidade nacional e, sobretudo, da auto-determinação”.

“Com a sua partida, Moçambique e a Frelimo perdem uma das suas mais importantes bibliotecas, um dos verdadeiros repositórios da nossa história, como uma nação. Recordaremos sempre do camarada Lopes Tembe como combatente da liberdade, diplomata íntegro, construtor da nação, um dirigente comprometido com os valores e princípios fundamentais da Frelimo, de ser o primeiro no sacrifício e último nos benefícios”, defendeu Chapo, afirmando: “nunca iremos encontrar palavras suficientes que possam descrever cabalmente o seu percurso”.

Por sua vez, a família Ndelana afirma não ter sido fácil enfrentar a ausência de Lopes Tembe durante o período de luta de libertação nacional, mas “foi no acreditar em dias melhores” que suportou a situação, até porque os resultados são conhecidos: a independência do país. Aliás, os filhos recordam o pai com nostalgia, sobretudo do amor e afecto que lhes deu em vida, assim como dos seus ensinamentos.

Lopes Tembe Ndelana nasceu a 20 de Março de 1937, na antiga Lourenço Marques, hoje Maputo, tendo frequentado o ensino primário na vizinha África do Sul. Igualmente, estudou em escolas do Gana e Tanzânia e fez a sua formação militar no Egipto.

É membro fundador da UDENAMO (União Democrática Nacional de Moçambique), um dos movimentos que fundaram a Frente de Libertação de Moçambique (actual partido Frelimo), juntamente com a MANU (Mozambique African National Union) e UNAMI (União Nacional Africana de Moçambique Independente).

Após a independência nacional, em 1975, Lopes Tembe desempenhou as funções de Chefe de Protocolo de Estado (entre 1975-1978); de Director-adjunto da Comissão Nacional das Aldeias Comunais (1978-1983), cargo que acumulava com as funções de deputado da então Assembleia Popular (1977-1994). Também foi Embaixador de Moçambique na China, Japão, Coreia do Norte, Paquistão, Zimbabwe, Botswana e Suazilândia (hoje, e-Swatini).

Em vida, Lopes Ndelana foi distinguido com as medalhas do 20º aniversário da fundação da Frelimo; dos Veteranos da Luta de Libertação de Moçambique; e do centenário da vitória de Adawa (1896-1996), atribuída pelo Príncipe Ernias Sahle Selassie (neto do Imperador Haile Selassie) da Etiópia, em reconhecimento à sua contribuição para os movimentos de libertação da África Austral.

Declarado membro honorário da Frelimo, em 2022, durante o XII Congresso, Lopes Tembe Ndelana deixa esposa e filhos. (Carta)

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