Combatentes da luta de libertação nacional descrevem Lopes Tembe Ndelana, ex-diplomata moçambicano falecido no passado dia 04 de Junho, como um homem íntegro e com valores de patriotismo e de defesa da pátria inabaláveis.
O facto foi defendido esta terça-feira pelo Secretário-Geral da Associação dos Combatentes de Luta de Libertação Nacional (ACLLN), na despedida a um dos fundadores da Frente de Libertação de Moçambique, movimento nacionalista que desencadeou e liderou a luta pela independência do país.
Segundo Carlos Siliya, Lopes Tembe Ndelana será recordado como “um homem íntegro”, “cheio de vicissitudes” e com “valores de patriotismo e de entrega sem limites para a defesa da sua pátria”. Defende que muitos combatentes têm admiração em Lopes Tembe, “como militante humilde e exemplar”, por um lado, e “de um revolucionário que tinha o povo no seu coração”, por outro.
“Os veteranos da luta de libertação nacional perderam um guerrilheiro expressivo, com altas convicções de amor à pátria e cuja existência só tinha razão de ser após a conquista da independência pelo povo moçambicano”, acrescenta o líder dos combatentes, sublinhando que Ndelana “nunca se deixou enganar pela propaganda dos colonialistas para desistir da luta” e que “esteve sempre na linha da frente até à conquista da independência”.
Quem também vê em Lopes Tembe um “moçambicano com fortes convicções patrióticas” é Armando Emílio Guebuza, antigo Presidente da República e veterano da luta de libertação nacional. Conheceu Tembe durante o seu ingresso na Frelimo, tendo sido fundamental para a sua integração no então movimento nacionalista.
“É um moçambicano com fortes convicções patrióticas, nacionalistas e que até ao fim da sua vida mostrava esse exemplo. Tive a sorte de conviver com ele, éramos amigos, encontrei-o na Frelimo e ajudou-me muito a compreender as questões de luta de libertação nacional”, narra Armando Guebuza.
Já Filipe Jacinto Nyusi, ex-Presidente da Frelimo, descreve Lopes Tembe como um homem “coerente” e “um político não barulhento”. Nyusi defende que Lopes Ndelana “não falava para ser ouvido”, mas que as pessoas é que se aproximavam a ele devido aos valores que transportava”. “Não precisava de gritar alto, falar muito nas reuniões. Nós aproveitávamos a experiência”, disse.
Moçambique despediu-se hoje de Lopes Tembe Ndelana, um dos fundadores da UDENAMO (União Democrática Nacional de Moçambique) – um dos três movimentos de resistência colonial que deram origem à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que liderou oficialmente a luta de libertação nacional. O velório teve lugar na sede nacional da Frelimo e o funeral no cemitério de Lhanguene, na cidade de Maputo. (Carta)