Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

4 de June, 2025

Crise na Renamo: Ossufo Momade renasce e culpa fraude pelo fracasso eleitoral

Escrito por

Após quase cinco meses de silêncio, Ossufo Momade, Presidente da Renamo, voltou a estar diante das câmaras e microfones dos jornalistas para abordar o actual momento político do seu partido, marcado por uma onda de contestação à sua liderança, que culminou com o encerramento das sedes distritais, provinciais e nacional do partido pelos ex-guerrilheiros, que exigem a sua demissão.

Falando esta quinta-feira, em Maputo, na abertura da IV Conferência Nacional da ACOLDE (Associação dos Combatentes da Luta pela Democracia), braço militar do ex-maior partido da oposição no país, Ossufo Momade apontou a fraude eleitoral como responsável pelo pior fracasso eleitoral da sua formação política, que saiu da segunda para terceira posição nas eleições legislativas de 2024, ficando atrás do “novato” PODEMOS.

Aos ex-militares da Renamo, Ossufo Momade disse que o seu partido ganhou 22 municípios nas eleições autárquicas de 2018 e 2023, porém, a fraude fez com que a Renamo gerisse apenas sete autarquias entre 2018 e 2023 e quatro, desde 2024. Não explicou as razões que lhe levaram a Renamo a aceitar perder quase duas dezenas de municípios, apesar da vitória.

“A fraude eleitoral de 2024 foi um autêntico caos nacional, cujos efeitos é a paralisação da economia e o agravamento do custo de vida. Em 2024, o linchamento da democracia atingiu níveis sem precedentes que originou manifestações violentas, sangrentas, destruição de infraestruturas, agressões físicas e assassinatos”, sublinha.

Por essa razão, Ossufo Monade classifica os recentes acontecimentos registados dentro do seu partido “envolvendo pretensos desmobilizados” não só como preocupantes, mas como “uma grosseira afronta aos princípios mais elementares da democracia e da Renamo”.

O Líder da Renamo explica que, ao criar-se as organizações sociais do partido, entre elas, a ACOLDE, o mais antigo partido da oposição “pretende estabelecer plataformas próprias para elas promoverem o diálogo interno construtivo”, pelo que, a Conferência Nacional é o espaço privilegiado que os ex-combatentes devem usar para dialogar e promover iniciativas que mantêm a grandeza daquele partido político.

“Neste sentido, esperamos que esta Conferência Nacional faça uma avaliação profunda e tome medidas que ajudem o partido a continuar ser uma referência nacional e a lançar os alicerces dos próximos desafios, mobilizar mais membros e preparar as próximas eleições, com a meta de ganhar”, defende.

“O nosso inimigo de ontem, e adversário político, hoje, não são os nossos companheiros e os órgãos do partido. Os nossos adversários políticos são aqueles que a todo custo nos impedem de cumprir a nossa missão, que é governar Moçambique”, acrescenta.

Momade considera injustas as alegações de que o DDR (Desarmamento, Desmobilização e Reintegração) tenha fracassado devido a morte de Afonso Dhlakama. Garante que manteve toda linha de negociação iniciada pelo falecido Presidente da Renamo, incluindo os quadros por ele indicados.

“Como liderança, prosseguimos as negociações seguindo na letra e no espírito todos os entendimentos. Não mudámos a equipa dos quadros nomeados pelo saudoso Presidente Afonso Dhlakama para aquele processo, nem mudámos uma única vírgula no que tinha sido acordado. Antes pelo contrário, tudo fizemos para que os combatentes desmobilizados, no âmbito do DDR, tivessem pensões de reforma e acesso a projectos de rendimentos”, disse, lembrando aos desmobilizados que “não é a Renamo e muito menos Ossufo Momade quem define e paga o valor das pensões”.

Ossufo Momade acusa ainda a comunidade internacional, na pessoa do Enviado Pessoal do Secretário-Geral das Nações Unidas para Moçambique, Mirko Manzoni, pelo fracasso na implementação dos projectos de rendimento para os desmobilizados.

“É nosso objectivo que os desmobilizados tenham pensões e projectos de rendimentos para manter a sua sustentabilidade económica, por isso, não medimos esforços para que isto fosse materializado. Lamentavelmente, não estamos a ter os resultados das promessas da Comunidade Internacional que era representada nas negociações pelo Embaixador Mirko Manzoni”, disse, assegurando que nunca recebeu dinheiro destinado aos desmobilizados.

Refira-se que a crise instalada na Renamo levou a direcção do partido a acionar a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) que, com recurso ao gás lacrimogénio, escorraçou os membros da Renamo da sede nacional do partido e do Gabinete de Ossufo Momade. (Carta)

Sir Motors

Ler 221 vezes

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *