Venâncio Mondlane diz que não tem dúvidas de que a Frelimo, partido no poder em Moçambique, quer a sua eliminação física, porque não goza de legitimidade popular, vincando que a acção policial que ocorreu no dia 05 deste mês, na zona de Xiquelene, se tratou de um atentado falhado, o “quinto”.
“Quem tem interesse é quem tem problema de legitimidade, o Governo actual tem problema de legitimidade, porque eles se apoderaram do poder formal”, afirmou Mondlane, em entrevista no CIPCAST, Podcast da organização não-governamental (ONG) Centro de Integridade Pública (CIP), na quarta-feira (12).
“A Frelimo tem muito interesse em prejudicar-me e acabar comigo. Neste momento, a Frelimo nem se atreve a fazer uma procissão, ninguém a vai seguir”, vincou o ex-candidato presidencial nas eleições gerais de 09 de Outubro, na sua primeira entrevista, após ser interrogado, durante cerca de dez horas, na Procuradoria-Geral da República (PGR), pelo seu papel nas manifestações contra os resultados do escrutínio.
Afirmou que a acção da polícia no dia 05 deste mês, na zona de Xiquelene, que resultou no baleamento do operador de vídeo daquele político e dispersão de apoiantes, visava o seu assassinato, porque aconteceu a poucos metros.
“Foram tiros directos, balas verdadeiras, o meu operador de câmera foi atingido a dez metros de mim, a perigosidade e a proximidade da polícia e com armas de guerra, como AK-47, mostram que eu era o alvo”, salientou.
Venâncio Mondlane acusou a polícia de ter executado mais de 400 pessoas ligadas ao seu “projecto político”, desde Outubro, como resultado da “intolerância política e de práticas anti-democráticas e ditatoriais” alegadamente impostas pela Frelimo.
Mondlane alegou ainda que as autoridades mataram vários militantes da Renamo, na altura principal partido da oposição, no auge da tensão política que seguiu às eleições gerais de 2014, recorrendo a “esquadrões de morte”, como prova de que a Frelimo recorre “à cooptação ou à bala”.
Assinalou que a oposição se submeteu várias vezes ao partido no poder, através da estratégia de captura política ou de terror.
Financeira de MV7 detida
Sobre a sua audiência na PGR, Venâncio Mondlane, ou VM7, também não tem dúvidas de que o interrogatório faz parte de uma estratégia de intimidação para refrear a sua actividade política, tendo reiterado que o magistrado que o interrogou não lhe disse de que tipo legal de crime é acusado.
Mondlane denunciou ainda que a sua “mandatária financeira, Glória Nobre, foi detida na 8ª esquadra, a esquadra do Porto, em Maputo”, na terça-feira.
Dinis Tivane, porta-voz e assessor de comunicação de Venâncio Mondlane, foi notificado de um processo judicial que corre contra ele no Gabinete de Combate ao Crime Organizado e Terrorismo (GCCOT), em pleno interrogatório de terça-feira, acrescentou o político.
“Olhando para ele e naquela hora, porque o viram, também o notificaram para ir responder na sexta-feira no Gabinete de Combate ao Crime Organizado e Terrorismo”, declarou Venâncio Mondlane.