Pelo segundo dia consecutivo, os catadores de lixo provocaram tumultos ontem, incluindo o incêndio de pneus, para impedir o depósito de resíduos na lixeira de Hulene, na cidade de Maputo, em protesto contra a morte de um dos seus colegas. O grupo alega que ninguém poderá entrar ou sair do local enquanto não forem conhecidas as causas da morte do colega, cujo corpo foi encontrado no sábado passado.
No local, era visível o fumo negro provocado pelos pneus incendiados, inclusive algumas barricadas colocadas para bloquear parte da estrada. Como precaução, os carros eram obrigados a circular em alta velocidade, aparentemente para fugir dos catadores revoltados.
De acordo com o Conselho Municipal de Maputo, os tumultos ocorrem desde segunda-feira (02), altura em que a recolha e depósito de resíduos na lixeira de Hulene foi suspensa. A paralisação causou uma profunda perturbação em toda a cidade de Maputo.
Entretanto, o Conselho Municipal informou ter iniciado diligências para garantir a reposição da ordem e a retoma das operações o mais rápido possível na lixeira de Hulene.
Por outro lado, desde a tarde de segunda-feira até ao fim do dia de ontem, houve falta de transporte em algumas rotas da cidade de Maputo, devido à retoma da fiscalização nos transportes semi-colectivos de passageiros.
A paralisação afectou as rotas da Praça dos Combatentes (Xiquelene), Museu, Anjo Voador, e as do Município da Matola que convergem no Xipamanine. Alguns carros ainda conseguiram iniciar a viagem, mas ao longo do percurso os passageiros foram obrigados a descer e a terminar o trajecto a pé.
Em conversa com alguns motoristas, relataram ao jornal Carta de Moçambique que a Polícia Municipal está a exagerar nas multas aplicadas desde o reinício da fiscalização.
“A Polícia Municipal está a aplicar-nos multas de 15 mil meticais quando transportamos fardos. Também há colegas a circular sem a devida licença, mas a polícia precisa moderar as suas acções”, afirmou João Marrengule.
“Não aceitamos as rotas impostas pela Polícia Municipal, nem a forma como estão a agir. Parece que não querem que trabalhemos, estão sempre a inventar algo. Todos os dias temos de lidar com a Polícia Municipal e com a Polícia de Trânsito, e já nem sabemos a quem recorrer”, referiu Paulo Ngovene, motorista da rota Xipamanine/Baixa.
Ao todo, contabilizam-se mais de 24 horas de paralisação nesta rota, e os “chapeiros” exigem que a Polícia Municipal recue nas suas acções.