Constantemente banido das competições da Confederação Africana de Futebol (CAF) por apresentar-se frequentemente em más condições, o Estádio Nacional do Zimpeto, o maior e mais moderno empreendimento desportivo do país pós-independência, continua a gastar dinheiro do erário em reabilitações e apetrechamentos, cujos resultados continuam aquém das expectativas.
De acordo com a proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) de 2025, aprovado semana finda pelo Conselho de Ministros e depositado na Assembleia da República, o Estádio Nacional do Zimpeto, interdito em Dezembro último para colher jogos de futebol das competições da CAF, será novamente reabilitado e apetrechado, uma obra que vai custar 35 milhões de Meticais.
O documento não especifica o tipo de obras a serem executadas naquele recinto desportivo e muito menos o tipo de equipamento/mobiliário a ser adquirido para apetrechar aquela infra-estrutura, com capacidade para acolher 42 mil pessoas sentadas e que, para além de um campo de futebol com padrões internacionais, conta com uma pista de atletismo.
Inaugurado a 23 de Abril de 2011, o Estádio Nacional do Zimpeto já teve várias intervenções, mas sem o efeito desejado. Dados das Contas Gerais do Estado de 2020, 2021 e 2022, vistos pela “Carta”, revelam que o Governo investiu, através do Fundo de Promoção Desportiva (FPD), instituição tutelada pelo Ministério da Juventude e Desportos, 47.549,79 mil Meticais na reabilitação e apetrechamento do Estádio Nacional do Zimpeto.
Em 2020, por exemplo, o Governo desembolsou 39.707,37 mil Meticais para a reabilitação e apetrechamento do maior empreendimento desportivo do país. O valor foi usado na sua totalidade pelo FPD. Já em 2021, o FPD recebeu e utilizou, na totalidade, 1.200.000,00 Meticais também para a reabilitação e apetrechamento do Estádio Nacional do Zimpeto e, em 2022, recebeu e utilizou 6.642,42 mil Meticais. Para 2023, o Governo tinha projectado investir 51.925,00 mil Meticais, mas apenas 692,27 mil Meticais foram entregues ao FPD.
As obras visavam, concretamente, a colocação da nova relva natural, torniquetes, reposição de tanques de água subterrâneos, manutenção do gerador, reposição da iluminação, do sistema sonoro e do funcionamento das telas gigantes, assim como a reabilitação dos balneários das equipas e dos árbitros, a colocação de vedação exterior e a reposição dos sanitários públicos.
A relva natural foi colocada, tal como foi reposta a iluminação no recinto das competições e isolada a área VIP. Também foram instalados os torniquetes para o controlo da entrada do público, mas continuam inoperacionais. Os sanitários públicos também ainda deixam a desejar, sem água, iluminação e torneiras. Na parte exterior, ainda se vê águas negras e lixo junto à entrada sul do Estádio e um cheiro nauseabundo nas proximidades de uma das bilheteiras da entrada oeste.
O sistema sonoro, denominado speaker, também continua inoperacional, enquanto as telas gigantes funcionam como marcadores electrónicos, projectando apenas o resultado do jogo e com baixa qualidade de imagem.
Apesar de ter acolhido jogos de qualificação para o CAN 2025, que se realiza em Dezembro próximo, no Marrocos, o Estádio Nacional do Zimpeto voltou a ser interdito pela CAF pela terceira vez em menos de cinco anos. Lembre-se que a primeira teve lugar em 2021 e a segunda em 2023, com duração de seis meses cada.
Refira-se que, para além da reabilitação e apetrechamento do Estádio Nacional do Zimpeto, o Governo vai aplicar 4.4 milhões de Meticais para requalificar o Parque dos Continuadores, em Maputo, e 20 milhões de Meticais na conclusão das obras de construção do Complexo Desportivo de Pemba, província de Cabo Delgado, cujas obras iniciaram em 2005, primeiro ano da governação de Armando Emílio Guebuza, e que se encontra em estado de abandono.