O Chefe de Estado, Daniel Francisco Chapo, endereçou, na noite de ontem, uma mensagem de repúdio pelo baleamento do músico e político Joel Amaral, mais conhecido por “MC Trufafá”, ocorrido na tarde de ontem, em Quelimane, província da Zambézia.
“Recebemos, com profunda preocupação, a notícia do baleamento do músico e político Joel Amaral. Este acto de violência gratuita não é apenas um ataque contra um cidadão que contribui com o seu saber e dedicação ao nosso país, mas também uma afronta à democracia e aos princípios de um Estado de Direito, que todos devemos proteger”, disse.
Amaral foi baleado ontem por indivíduos até aqui desconhecidos, tendo sido atingido por duas balas, uma das quais na cabeça. O músico, que se tornou famoso pela célebre canção que perguntava “quem ganhou?”, em contestação aos resultados das eleições autárquicas de 2023, em Quelimane, encontra-se internado no Hospital Central da capital provincial da Zambézia.
Daniel Chapo defende, na sua mensagem de repúdio, que “não podemos, nunca, permitir que exista lugar ao medo em Moçambique” e exige que “o condenável acto seja cabalmente esclarecido pelas autoridades competentes e que se faça valer a lei”.
Para o Presidente da República, o trágico episódio não deve desviar o país do caminho da construção de uma nação mais justa, inclusiva e respeitadora da vida e da dignidade humanas. “Só em paz e em segurança podemos trabalhar e desenvolver o nosso país”, conclui o documento, distribuído momentos após o baleamento do músico, apoiante do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Que ordene a cessação das perseguições e mortes – Manuel de Araújo
No entanto, o Edil de Quelimane, Manuel de Araújo, entende que o baleamento de Amaral é um expediente político, executado por membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS), há muito acusadas de perseguir, torturar e assassinar membros da oposição, em particular apoiantes de Venâncio Mondlane.
“Temos vindo a acompanhar com bastante preocupação ao desenrolar dos acontecimentos desde a proclamação dos resultados eleitorais. Diariamente temos recebido informação de vários pontos do país, alertando-nos sobre uma verdadeira caça ao Homem, alegadamente efectuada por elementos ligados às Forças de Defesa e Segurança, de que Vossa Excia é Comandante-em-Chefe”, defende De Araújo, em mensagem publicada na sua página oficial do Facebook.
Por isso, “vimos por este meio solicitar a intervenção de Vossa Excia, senhor Presidente da República, na qualidade de Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança, para que ordene a investigação e imediata cessação da perseguição e morte a cidadãos indefesos alegadamente perpetradas por elementos ligados às Forças de Defesa e Segurança e dê permissão a nacionais, regionais e internacionais para investigarem as alegações de tortura, maus tratos, bem como a execuções extrajudiciais”, disse o político.
Numa mensagem dirigida especificamente ao Presidente da República, Manuel de Araújo afirma que o baleamento do “MC Trufafá”, bem como a “caça ao homem” – que têm sido reportados em vários distritos da província da Zambézia e do país, desde a proclamação dos resultados eleitorais – atentam contra a Constituição da República. “Senhor Presidente, sabe como muitos de nós que a Constituição da República de Moçambique proíbe a pena da morte. E Vossa Excia, na Cerimónia de Tomada de Posse, jurou não só respeitar, como também fazer respeitar a Lei Mãe”, atirou.
Refira-se que Joel Amaral é mais um apoiante de Venâncio Mondlane vítima do chamado “esquadrão de morte”, que já vitimou os mandatários eleitorais de Venâncio Mondlane e do PODEMOS, Elvino Dias e Paulo Guambe, respectivamente, assassinados na noite do dia 18 de Outubro de 2024, em Maputo. O crime ainda não foi esclarecido.