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sexta-feira, 06 março 2020 07:01

Grande parte de energia a ser produzida na Central Térmica de Temane vai ser exportada

Contrariando os objectivos do Programa “Energia Para Todos”, a Central Térmica a gás a ser construída em Temane, no distrito de Inhassoro, província de Inhambane, irá vender aos países vizinhos 75%, dos 420 Megawatts a produzir. Isto vai acontecer numa altura em que o nível de electrificação no país é muito baixo (ronda actualmente os 35%), daí que o referido Programa preconiza maior efectivação de novas ligações para que todos os moçambicanos tenham acesso à energia até 2030.

 

Todavia, contra o Programa, a Central detida 85% pela Electricidade de Moçambique (EDM) e a Globeleg, firma que garantiu as condições técnicas e financeiras para a estruturação do projecto, e a petroquímica sul-africana SASOL com os restantes 15%, irá destinar apenas 25% do total de energia a ser produzida, para o consumo nacional.

 

Conferenciando esta quinta-feira (05), em Maputo, sobre o estágio de implementação dos projectos da Central e da Linha que vai transportar a energia de Temane para Maputo, o Porta-voz da EDM, Luís Amade, explicou que grande parte será vendida ao exterior porque na altura em que a Central começar a funcionar (2024), o consumo nacional ainda continuará menor.

 

“Da energia que vai ser produzida em Temane, parte (25%) vai ser para o consumo nacional e outra parte (75%) vai ser para a exportação. Numa primeira fase, vamos ter energia a exportarmos porque o nosso consumo ainda vai estar em fraco crescimento”, afirmou Amado.

 

Das instalações da SASOL, em Temane, a energia a ser produzida pela Central vai ser transportada pela referida linha de alta tensão (400 Quilowatts), com uma extensão de 563 km e será constituída por três subestações, sendo uma no distrito de Vilankulo (Inhambane), outra no distrito de Chibuto (Gaza) e a terceira em Matalane, no distrito de Marracuene, província de Maputo.

 

Em termos de nível de execução desses dois projectos, avaliados em 1.250 milhões de USD (700 milhões para a Central e 550 milhões para a Linha), financiados pelo Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento, Banco Islâmico de Desenvolvimento, Fundo da OPEC para o Desenvolvimento Internacional, Governo da Noruega, Banco de Desenvolvimento da África do Sul, o porta-voz da EDM explicou que, em Setembro do ano passado, lançou-se o concurso para se escolher a empreitada da Central e, actualmente, a EDM dedica-se à avaliação das propostas.

 

Enquanto isso, em relação à Linha a ser operada totalmente pela EDM, continuou Amado, no princípio deste ano a estatal iniciou o lançamento de concursos que irão culminar com o início da construção do meio e das três subestações. “De tal forma que, no final deste ano, queremos ter todos os contratos de empreitada concluídos e possamos ter obras visíveis, a partir do próximo ano, de modo que em 2024 inicie a exploração dos projectos”, conclui Amado.

 

Dados da EDM indicam que, na fase de construção, os dois projectos prevêem criar entre 700 a 2.500 empregos e entre 80 a 100 empregos na fase de operação.

 

Refira-se que os projectos em referência enquadram-se na Estratégia Nacional de Energia desenhada pelo Governo e cuja componente chave é o desenvolvimento da Espinha Dorsal de Moçambique que consiste na construção de cerca de 1,300 km de Linha de Alta Tensão à 400 Quilowatts entre Tete e Maputo para interligar os sistemas de energia norte, centro e sul de Moçambique e a rede eléctrica da Southen Africa Power Pool. (Evaristo Chilingue)

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