O Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade sanitária em Moçambique, diagnostica anualmente 2.700 a 3.000 novos casos de cancro. Por outro lado, o país regista anualmente 25 mil novos casos, com destaque para cancros da mama, uterino, do sarcoma de capote, esófago, cabeça e pescoço, bexiga e próstata, segundo a chefe do Programa Nacional de Controlo do Cancro e directora científica e pedagógica do Hospital Central de Maputo, Cesaltina Lorenzoni.
Estatísticas de 2022 indicam que, anualmente, 17 mil pessoas perdem a vida devido a diversos tipos de cancro que dão entrada nas unidades sanitárias.
“Uma das questões de que nos ressentimos muito é a falta de pessoal médico formado para esta área. Como sabem, há 10 anos, a área de cancro não era priorizada, tínhamos médicos formados em várias áreas, pediatria geral, cirurgia e não se focou muito nessa área”, disse.
Fez saber que as autoridades sanitárias do país já estão a envidar esforços para acelerar as formações sobre tratamento de cancros.
“Não basta ter infra-estruturas, não basta equipamentos, nós precisamos de pessoas que discutem, que sabem tratar da melhor forma possível para diminuir a mortalidade por cancro”, disse.
Actualmente, quatro médicos estão a beneficiar de formação de cancro ginecológico e para outras áreas, como cancro da mama, do colo e cancro pediátrico.
Lorenzoni acrescentou que o país não possui uma massa crítica de profissionais qualificados, por isso o Ministério da Saúde está a produzir um plano de formação de profissionais locais.
“Até estamos a utilizar clínicos gerais, alocando-os em todos os hospitais gerais, centrais e provinciais. Pelo menos alivia em termos de acesso de serviços à população para não se deslocar apenas ao HCM”, disse.
A fonte falava ontem (05) em Maputo, momentos após a cerimónia de abertura do workshop multidisciplinar do tratamento do cancro, que decorre na cidade de Maputo.