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30 de May, 2025

Cresce taxa de desnutrição crónica no país

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Moçambique  regista uma taxa de 61 por cento de desnutrição crónica em crianças menores de cinco anos de idade, no período compreendido entre 2022 e 2023, que representa um aumento quando comparado com dados de 2021 e 2022, que foi de 37 por cento.

Estes são os resultados publicados esta quinta-feira (29), em Maputo, durante o workshop para a divulgação de indicadores de Desenvolvimento da Primeira Infância em Moçambique apresentados por Marla Amaro, chefe do Departamento de Nutrição do Ministério da Saúde, que alertou para a importância do aleitamento materno adequado para evitar a desnutrição e outras doenças.

As províncias de Nampula, Cabo Delgado e Zambézia apresentam as taxas mais elevadas, segundo dados mais recentes do Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS) 2022-2023 sobre o desenvolvimento da primeira infância no país, que apontam a insegurança alimentar, a falta de serviços de saúde e de higiene, bem como de saneamento ambiental e os cuidados materno-infantis adequados, como sendo as principais causas do problema.

“Infelizmente, apenas 39% das crianças moçambicanas dos dois aos cinco anos, está num bom caminho em termos de  desenvolvimento da primeira infância, o que significa que 61% das crianças não têm um bom desenvolvimento, por isso temos que melhorar este cenário junto com os nossos parceiros de cooperação”, disse.

Amaro referiu que os primeiros anos de vida das crianças constituem a base de desenvolvimento para o crescimento ao longo da vida, “infelizmente, a maioria delas vive na pobreza, em famílias de baixa e média renda, estando mais vulneráveis a sofrer de desnutrição crónica”.

“Além disso, os primeiros anos de vida são cruciais para a construção e aquisição de habilidades sócio-emocionais, motoras, cognitivas e o desenvolvimento da linguagem. É bem sabido que o cérebro desenvolve muito nos primeiros anos de vida”, salientou.

Para fazer face ao desafio, principalmente em zonas vulneráveis, Amaro disse ser indispensável a mobilização de recursos, com vista à materialização dos planos multissectoriais ajustados à realidade de cada comunidade.

“Estamos em processo de planificação e, claramente a redução dos casos de desnutrição crónica envolve vários sectores, sendo crucial um trabalho de coordenação multissectorial junto às comunidades”, disse.

Segundo a representante do UNICEF, Maaike Arts, os dados do IDS 2022-2023, embora reveladores de progressos em algumas áreas, também, evidenciam profundas lacunas, como as disparidades entre as zonas urbanas e rurais, entre quintins de riqueza, entre raparigas e rapazes.

Por isso, considera indispensável a coordenação multisectorial, com vista a integrar os sectores da Saúde, Educação, Acção Social, Agricultura, Indústria e Comércio, Obras Públicas e Habitação, com intervenções na área de nutrição para garantir que todas as crianças moçambicanas tenham o melhor começo de vida possível.

“Sabemos que os primeiros anos de vida da criança são determinantes. A ciência é clara, até os aos três anos o cérebro de uma criança se desenvolve a uma velocidade sem precedentes. Cada estímulo, cada palavra, cada alimento, cada momento de afecto conta, e é por isso que nós investimos na fase inicial porque mais retornos nos trazem, não apenas em termos de desenvolvimento individual, mas também para o crescimento económico e social de um país”, sustentou.

Na ocasião, Arts ainda manteve o compromisso de continuar a apoiar o Governo de Moçambique e todos os seus parceiros nesta causa, de melhorar as condições de vida das crianças nos primeiros anos de vida, através da transformação de políticas em práticas, planos em resultados, e resultados em vidas transformadas.

Estiveram presentes no evento, representantes dos Ministérios da Saúde, Ministério da Educação e Cultura, Ministério do Trabalho, Género e Acção Social, Ministério da Planificação e Desenvolvimento, Ministério das Finanças, Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos), INS, INE.

Igualmente, integraram a equipe de trabalho, as Organizações Não-Governamentais (ONGs) que actuam na área de desenvolvimento infantil, FDC, Child Fund, Save the Children, PATH, pesquisadores e académicos especialistas em desenvolvimento infantil, Agências internacionais UNICEF, OMS, FNUAP, Banco Mundial, Fundo Global, Alto Comissariado do Canadá, e Representantes da sociedade civil: ADEMO, REDE DPI, ANSA.

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