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20 de May, 2025

Excursionistas alegam terem sido burlados com um suposto festival de carne em Magude

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Vários cidadãos alegam ter sido vítimas de burla por parte dos organizadores de uma suposta excursão que culminaria num festival de carne em Magude, província de Maputo. Desiludidos, acusam os organizadores de terem recolhido valores destinados à alimentação, mas surpreendentemente, ao chegarem ao local, foram obrigados a assar a própria carne para consumo.

No panfleto a que “Carta” teve acesso, os interessados deveriam fazer as reservas até ao dia 11 de Maio para um passeio que ocorreu no último sábado (17). A viagem seria de comboio, com saída prevista para as 6h00 da Estação Central dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), mediante o pagamento de 500 meticais para ida e volta. Outros 500 meticais deveriam ser pagos para o almoço (opcional).

Entretanto, após o evento, um grupo de excursionistas acusou os organizadores de burla. Essa informação também passou a circular nas redes sociais. Os denunciantes afirmam que o que mais os intrigou foi o facto de terem sido levados da cidade de Maputo a Magude, alegadamente para uma excursão que culminaria num festival de carne, o que, para eles, não aconteceu.

“Primeiro, tivemos problemas relacionados à gestão dos bilhetes. Mesmo quem havia pago para viajar nas carruagens de primeira classe não conseguiu lugar, porque não havia controlo por parte dos CFM. E no regresso, foi ainda pior, pois todos lutavam para entrar no comboio como se estivessem a subir num “chapa”, explicou um dos denunciantes que conversou com a “Carta”.

Sem se identificar, a fonte relatou que, ao chegar a Magude, esperavam vivenciar uma excursão propriamente dita. Além disso, o contratempo relacionado à alimentação, especialmente para os que haviam pago por esse serviço, foi bastante desagradável.

“Chegamos a Magude com pouco tempo para permanecer e regressar e, ao chegarmos aos locais improvisados para as refeições, as comidas não estavam prontas. Em alguns casos, tivemos de nos aproximar do fogão para acelerar o processo. Na verdade, a organização não foi das melhores, e esperamos que, nas próximas vezes, as coisas melhorem”, frisou.

Segundo relatos, ao chegarem à estação de Magude, os excursionistas esperavam encontrar transporte que os levasse até aos pontos a serem visitados, o que não foi providenciado pelos organizadores. Mais tarde, graças à boa vontade do administrador distrital, foi disponibilizado transporte apenas para os mais velhos.

“O transporte foi uma das promessas dos organizadores e não chegou a ser cumprida. Tivemos de caminhar longas distâncias e o tempo não ajudou muito. Tudo teve de ser feito às pressas”, avançou outra fonte.

Administrador de Magude explica o que aconteceu

A administração distrital confirmou que foi contactada pelos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e pelos organizadores do evento, alegando que queriam organizar uma excursão a Magude, em fase experimental. Em resposta, o pedido foi aceite pelas autoridades locais.

“Apenas pedimos que nos explicassem como seria feita, e eles disseram que queriam comer carne”, afirmou o administrador de Magude, Lázaro Mbambamba, em entrevista concedida à Carta de Moçambique.

Entretanto, Mbambamba explicou que o Festival da Carne, organizado pela Administração distrital, ocorre apenas no mês de Novembro, mas ainda assim aceitou receber os excursionistas por se tratar de um grupo pequeno, de cerca de 200 pessoas.

Dessa forma, não havia necessidade de levá-las ao local onde o festival costuma ser realizado, tendo a Administração identificado alguns locais, como Nobela, Nobela’s Bar, Ka-Xilunguine, Favela e Kosa New Bar, que seriam os pontos de acolhimento dos excursionistas para a degustação da carne, o que de facto aconteceu.

“No próprio dia, nós recebemos os excursionistas e deixamo-los à vontade. Encaminhamo-los para alguns pontos que já haviam sido previamente indicados. No entanto, o que percebemos é que muitos deles vinham com caixas térmicas grandes, vulgo “colmans”, e a caminhada da estação até à vila pareceu longa”, frisou.

“Já havíamos informado previamente que poderiam utilizar outros meios de transporte. Tanto é que alguns se sentiram à vontade em subir moto-táxis. Sentimos que, entre os excursionistas, havia diferentes tipos de público: alguns que acharam emocionante caminhar ou andar de moto-táxi, e outros, especialmente o público mais adulto, que realmente necessitava de transporte”, explicou o administrador.

Na hora da partida, a Administração de Magude decidiu oferecer transporte gratuito para levar os idosos até à estação.

“Do ponto de vista pessoal, quando as pessoas dizem que foram burladas é porque esperavam um Festival da Carne, mas elas vieram numa excursão e não para o festival”, concluiu.

“Quero publicamente pedir desculpas às pessoas que se sentiram mal durante esta excursão. Entendemos que os organizadores trouxeram as pessoas para comer carne e não para um festival. Porque, quando há um festival, quem organiza é o governo e isso envolve muitos aspectos”, destacou o administrador.

“Dessa forma, pedimos desculpas aos lesados, pois queremos continuar a receber mais excursionistas. As falhas que ocorreram não devem ser interpretadas pelo público como uma atitude premeditada. Acredito que o que falhou foi a comunicação entre os organizadores e o público”, concluiu.

Organizadores do evento prometem falar hoje

Para comentar sobre a alegada burla aos excursionistas, os organizadores prometeram pronunciar-se hoje sobre o assunto.

“Preferimos conceder uma entrevista presencial para esclarecer todos os detalhes do nosso evento. No entanto, caso alguém se tenha sentido lesado, que se identifique para que possamos ressarcir os danos”, afirmaram.

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