O Conselho Municipal de Maputo adiou para a próxima semana o encerramento temporário do Mercado Grossista do Zimpeto para trabalhos de limpeza e reorganização, uma medida que será reforçada hoje pelo edil Razaque Manhique durante a visita ao local.
Em resposta à exigência dos vendedores, Manhique visita hoje o Mercado Grossista do Zimpeto e o Terminal Rodoviário, onde se vai inteirar do funcionamento daquelas infra-estruturas e acompanhar de perto o processo de reorganização, bem como as condições operacionais e de mobilidade urbana no terminal rodoviário.
Inicialmente, o encerramento do Mercado Grossista estava agendado para ontem e hoje (dois dias), mas o Município anunciou ontem que só vai ocorrer na segunda e terça-feira da próxima semana, 19 e 20 de Maio, respectivamente.
A decisão deve-se à posição de um grupo de vendedores que se opôs ao encerramento temporário do mercado e aos locais provisórios onde seriam alocados durante os trabalhos.
“A direcção do mercado quer separar-nos. Alguns vendedores seriam alocados no campo de São Paulo e outros em frente à antiga Mabor, locais que não têm condições e não oferecem nenhuma segurança”, explicou Carlos Uqueio, um dos vendedores de laranjas por grosso.
O adiamento foi forçado pelos próprios vendedores que exigem um diálogo directo com o edil do Município da Cidade.
“Temos um camião reservado para que ele (o edil) suba e nos explique o que realmente pretende. Enquanto ele não conversar connosco, este mercado não será encerrado, porque alguns de nós concordam e outros não”, afirmou Luís Anselmo, vendedor de tomate em camiões.
Município de Maputo explica razões do adiamento
Segundo Hélder Pelembe, chefe do Departamento de Política e Planeamento da Direcção de Mercados e Feiras, o plano já estava bem definido. Os locais alternativos já haviam sido identificados e até foi realizado um estudo conjunto nos locais para avaliar eventuais necessidades de infra-estrutura, com a concordância inicial dos próprios vendedores.
“No entanto, na sexta-feira surgiu uma discordância. Os vendedores passaram a apresentar várias alegações. Uma delas foi sobre o terreno ao lado da Mabor, que tem muita areia. Mas o Conselho Municipal já havia previsto intervir durante o fim-de-semana para melhorar as condições do local, inclusive com a instalação de sanitários e fornecimento de água”, esclareceu Pelembe.
Entretanto, um grupo de vendedores, juntamente com retalhistas e carregadores (indivíduos com carrinhas de mão), começou a criar agitação. Alegaram que querem permanecer todos juntos num único espaço, e propuseram um local em frente ao mercado. No entanto, este é considerado de alto risco devido ao volume de vendedores e de camiões. Outra opção foi em frente ao Estádio Nacional, mas o Município rejeitou devido à possibilidade de vir a causar um grande congestionamento.
“Durante a sensibilização dos utentes, percebemos que havia também alguma resistência com base em superstições. Alguns vendedores mencionaram a presença de cobras e outras coisas, mostrando claramente que não estavam interessados”, disse Pelembe.
Apesar das várias reuniões realizadas com representantes dos vendedores, na sexta-feira, dia em que estava agendado o último encontro para definir os últimos detalhes, nada se concretizou devido à instabilidade, forçando o adiamento da actividade.
“Tivemos de redefinir as datas, porque esta intervenção deve acontecer para melhorar as condições do mercado”, concluiu o responsável.
Fraco movimento nesta segunda-feira
Parte do Mercado Grossista não funcionou nesta segunda-feira, facto que para o Município pode estar relacionado à redução do volume de produtos vendidos ao longo do final-de-semana, já que os vendedores esperavam o encerramento do mercado entre segunda e terça-feira.
Segundo Hélder Pelembe, a intenção do Município é realizar uma limpeza geral, delimitar a área de gestão de resíduos sólidos e garantir o livre acesso dos camiões. Além disso, após as eleições, foi observada certa desorganização no mercado, com vendedores a ocuparem as vias de acesso. A reestruturação inclui também a organização sectorial dos vendedores, a melhoria do asfalto e a reabilitação das vias internas.
Por outro lado, na manhã desta segunda-feira, “Carta” constatou que várias “bancas” estavam encerradas. O jornal apurou que os ausentes são os que concordam com o Município, enquanto outros esgotaram os produtos no fim-de-semana, acreditando que o mercado não abriria as portas.
Por exemplo, no sector de laranja e tangerina nacional, muitos vendedores não compareceram, temendo a incerteza, já que a maioria é proveniente das províncias de Gaza e Inhambane.