Um novo tipo de crime tomou conta do famoso bairro de Namicopo, na cidade de Nampula, onde as mulheres, na sua maioria jovens, são usadas pelos meliantes para assaltar os moto-taxistas em plena actividade, por sinal, a única fonte de sobrevivência para as famílias, principalmente de baixa renda, devido o desemprego que assola o país.
A situação vem ganhando espaço nos últimos dias, por conta da destruição do posto policial de Namicopo, na sequência das recentes manifestações em protesto contra os resultados eleitorais das presidenciais e das legislativas e bem como das provinciais de 2024.
Segundo contam as vítimas, tudo ocorre a princípio da noite, quando mulheres solicitam serviços de táxi-mota e são levadas para um determinado ponto. Depois de chegar ao destino, os taxistas são espancados pelos larápios e arrancadas as suas motorizadas.
Salimo Meta, moto-taxista há onze anos, que exerce actividade no bairro de Namicopo, teme em levar pessoas no período da noite, por causa da onda de assaltos.
“Estamos a passar muito mal. Quando levamos um cliente daqui no Bispo até a Namiepe, nós pensamos que são pessoas de boa conduta precisando dos nossos serviços, mas na verdade são gatunos e oportunistas, porque quando chegamos ao destino já estão pessoas com catanas e em prontidão para nos tirar as nossas motorizadas, e às vezes, alguns colegas até são lhes tirada a sua própria vida’’, relatou a fonte.
Meta informou que os malfeitores actuam com frequência a partir das 16 horas até a meia noite, e aproveitam-se da falta de patrulhamento policial para lograr os seus intentos.
“Estamos a evitar fazer táxi até altas horas da noite, porque virou um risco para nós, por medo de sermos agredidos. A situação piorou após a vandalizacão do posto policial. Anteriormente, haviam agentes da Polícia da República de Moçambique a patrulhar o bairro, mas agora nenhum se faz a zona’’, revelou fonte.
Salvador Saide, moto-taxista e chefe da praça de Brito, conta que os seus colegas somam enormes prejuízos por causa das agressões, principalmente, no roubo das motorizadas e exige a reconstrução do posto policial ora vandalizado por manifestantes.
“Estamos a ser agredidos quase todos os dias. Por exemplo, há três dias um dos nossos colegas levou uma cliente até a via do Retiro. Chegado lá, de imediato lhe arrancam a mota, e quando ele saiu da nossa praça tinha levado uma mulher. Suspeitamos que ela foi usada como isca. Os malfeitores estavam munidos de instrumentos contundentes e o nosso colega ficou em apuros, porque tratava-se de quatro pessoas”, contou Saide.
José João, também moto-taxista lamenta a situação, afirmando que a maior parte dos jovens trabalham para terceiros, e quando as motorizadas são roubadas, os respectivos donos não acreditam no sucedido.
“Não está fácil trabalhar como taxista porque corremos muitos riscos, principalmente à noite, e nem todos os patrões acreditam quando reportamos sobre a agressão”, frisou.
Importa realçar que desde a vandalizacão do posto policial de Namicopo, o bairro encontra-se entregue à sua própria sorte e a onda de criminalidade ganhou contornos alarmantes.