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29 de Janeiro, 2025

Centro de Saúde da Matola Gare sem atendimento há uma semana

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O Centro de Saúde da Matola-Gare, na cidade da Matola, está inoperante há cerca de uma semana como forma de pressionar o Governo a pagar o 13º salário [uma decisão só anunciada ontem pelo Executivo] e, igualmente, devido às inundações causadas pelas últimas chuvas, que ocorreram na primeira semana de janeiro.

 

Os utentes que se dirigem àquela unidade sanitária ficam horas na fila e acabam desistindo sem atendimento. Alguns buscam alternativas em outras unidades sanitárias, enquanto outros aguardam que a situação volte à normalidade.

 

Na semana passada, boa parte dos profissionais do centro de saúde sequer se atreviam a colocar os pés no posto de trabalho. Porém, nesta semana, especificamente na segunda-feira, decidiram comparecer em massa à unidade sanitária, mas juntaram-se no pátio e não se dignaram a prestar nenhum serviço (nem mesmo os serviços mínimos).

 

Flora Jeremias Mucavel, uma das utentes que conversou com a “Carta”, conta que os enfermeiros do Centro de Saúde da Matola Gare não trabalham desde o mês de Dezembro e a situação está a tornar-se cada vez mais complicada, pois, o seu parto se aproxima e ela não sabe qual é a situação do bebé.

 

“A minha consulta estava marcada para o dia 23 de Dezembro, coincidentemente, na mesma data da publicação dos resultados das eleições. Saí de casa muito cedo e, quando cheguei, não estavam a atender nenhum paciente, porque a enfermeira responsável pelos serviços de pré-natal não se fez presente. Voltei para casa insatisfeita e com um sentimento de tristeza, mas nada podia fazer”, relatou a fonte.

 

“Este mês, decidi voltar na segunda-feira da semana passada, mas as portas estavam quase fechadas. Nenhum sector estava em funcionamento, alegadamente, porque os funcionários estavam em greve exigindo o pagamento do 13º salário. Hoje voltei novamente com a expectativa de ser atendida, mas os trabalhadores continuam em greve”, disse ela.

 

Já Arlindo João Matlombe disse que no sábado se deslocou à unidade sanitária logo nas primeiras horas em busca de cuidados no banco de socorro, mas não deu em nada.

 

“O meu corpo dói, não durmo desde sábado e o nosso hospital mais próximo é o da Matola Gare e eles não atendem há dias. Hoje também vou ter de regressar à casa com as minhas dores, pior porque nem dinheiro tenho para passar numa farmácia adquirir algum medicamento”, disse Arlindo Matlombe.

 

Outra fonte, que trabalha no Centro de Saúde e que falou em anonimato, contou à “Carta” que não há condições de trabalho e a questão do 13º salário apenas agravou o cenário.

 

“Infelizmente, temos recebido vários pacientes neste centro, mas não temos condições para atendê-los. Para começar, a unidade sanitária está inundada, o que pode provocar doenças tanto para nós, trabalhadores, como para os utentes. A vegetação está grande e o centro de saúde funciona praticamente dentro de uma mata, que pode até abrigar cobras. Este centro está quase abandonado.”

 

Actualmente, o Centro de Saúde atende apenas pacientes com HIV/SIDA, enquanto as outras doenças crónicas, como hipertensão e diabetes, não estão a ser tratadas. Até mesmo os serviços mínimos estão paralisados, incluindo a maternidade. Para quem precisa de atendimento obstétrico, a solução é procurar outro hospital.

 

Vale destacar que os Centros de Saúde do Albazine e de Habel Jafar também não funcionaram durante toda a semana passada. Mas esta semana, as unidades sanitárias estão a funcionar a meio-gás. (M.A.)

 

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