Já se passou mais de um ano desde que o Governo determinou o encerramento da Escola Secundária Graça Machel, localizada na Ponta D’Ouro, no distrito de Matutuine, na província de Maputo, alegadamente por não reunir as condições necessárias para o seu funcionamento. Na ocasião, um despacho da então Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano, Carmelita Namashulua, enviado à “Carta”, indicava que o estabelecimento deveria ser encerrado, pelos motivos acima mencionados.
Hoje, um ano depois, diversos agentes económicos, em parceria com a comunidade, decidiram unir esforços para melhorar a escola, atendendo às exigências do Ministério da Educação para reabri-la.
Entretanto, os agentes económicos ficaram frustrados ao descobrir que, mesmo com todo o esforço e investimento feitos na escola, o governo não autorizou a sua reabertura para o presente ano lectivo.
“Fizemos um grande esforço e investimos muito para que o governo autorizasse a reabertura da escola, e hoje não entendemos o que aconteceu para que continuem a penalizar as crianças. Agora, com quase tudo resolvido, excepto a pintura do recinto de jogos e a falta das tabelas de basquete, não conseguimos entender qual é o motivo que impede a sua reabertura”, contou um dos agentes, que preferiu anonimato.
O nosso interlocutor sente-se ainda mais indignado pelo facto de as crianças terem sido transferidas para a Escola Primária Completa (EPC) da Ponta D’Ouro e outros petizes para escolas distantes (no Zitundo), onde os pais precisam investir 100 meticais diários em transporte.
“No fim do ano lectivo 2024, a Escola Primária já não tinha capacidade para comportar mais de 1200 alunos, incluindo mais de 500 transferidos da Escola Comunitária Graça Machel. Para este ano, a escola conta com 2100 alunos, um aumento de mais de 700 alunos”, afirmou.
Face à situação, a Escola Secundária da Ponta D’Ouro teve de pedir apoio aos pais e encarregados de educação para realizar uma contribuição para a construção de mais sanitários. Também foi solicitado que ocupassem as instalações de uma das igrejas na Ponta D’Ouro para abrigar quatro turmas (devendo todas as turmas estudar simultaneamente no salão da igreja).
Em contacto com a Directora dos Serviços Distritais de Educação de Matutuine, Beatriz Mangue, esta afirmou que as autoridades aguardam que o proprietário da escola faça uma solicitação para que todas as condições já criadas sejam avaliadas.
“Neste momento, não autorizamos a abertura da escola porque estamos à espera para saber se as recomendações deixadas anteriormente foram atendidas. Para nós, a partir do momento em que o proprietário cumprir todas as recomendações, ele submeterá o documento ao distrito, que será avaliado. Este mesmo processo será realizado pela província e, por último, pelo Ministério da Educação, que também fará a avaliação e autorizará a reabertura”, explicou.
Quanto aos alunos retirados da Escola Secundária Graça Machel, Mangue garantiu que eles continuam na Escola Básica da Ponta D’Ouro e já estão a ter aulas.
Entretanto, o proprietário da escola rejeita o pronunciamento da direcção distrital, uma vez que, segundo ele, submeteu no passado dia 3 de Setembro de 2024 um documento dando conta de que todas as recomendações emanadas pelo Ministério da Educação foram cumpridas na íntegra, mas até agora não teve resposta.
Vale ressaltar que a Escola Secundária Graça Machel é uma infra-estutura privada, construída pelo proprietário para ajudar a comunidade local, para evitar que as crianças percorram longas distâncias para estudar, visto que as outras escolas de nível secundário ficam a 20 quilómetros de distância. A escola cobrava uma taxa mensal de 620 Meticais para o primeiro ciclo, enquanto os outros níveis estavam isentos de pagamento. (Marta Afonso)