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15 de Março, 2022

A grande corrupção no banco dos réus: A vez de Helena Taipo, que se considera vitima de Filipe Nyusi

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Começa hoje, em Maputo, o julgamento da ex-ministra do Trabalho e Segurança Social , Helena Taipo, por corrupção. Taipo, e outros dez, são acusados de roubo de cerca de 113 milhões de meticais (cerca de 1,8 milhões de dólares americanos, ao câmbio actual) ao Instituto Nacional de Segurança Social (INSS). Taipo é acusada de receber subornos para favorecer determinadas empresas construtoras e gráficas em contratos com o INSS e de ter desviado das pensões de mineiros moçambicanos que trabalham na África do Sul.

 

No primeiro caso, a PGR argumenta que, para disfarçar a sua origem, os subornos foram pagos em quatro parcelas. As empresas em causa sobrefaturaram o INSS pelos seus serviços e, como ministra, Taipo garantiu que os contratos fossem assinados. Os valores reais foram para o INSS, enquanto o valor faturado em excesso foi desviado e depositado em contas bancárias mantidas pela Taipo.

 

Seus co-acusados incluem gerentes e diretores do INSS das quatro empresas envolvidas no esquema. A procuradoria acredita que, com esse dinheiro, os réus compraram imóveis, carros, bebidas alcoólicas, entre outros itens. Durante as investigações, 27 veículos e sete propriedades foram apreendidos e sete contas bancárias foram congeladas.

 

Taipo foi ministra do Trabalho e Segurança Social de 2005 a 2015, em ambos os mandatos do Presidente Armando Guebuza. Os crimes teriam ocorrido um ano antes de Taipo deixar o cargo.

 

Sob o sucessor de Guebuza, o actual presidente, Filipe Nyusi, ela foi indicada para Governadora de Sofala e mais tarde como embaixadora moçambicana em Angola – mas ela serviu apenas alguns meses, antes de se saber publicamente que estava sob investigação. Foi demitida e chamada de volta. Taipo foi detida em abril de 2019, por ordem do Gabinete Central de Combate à Corrupção.

 

Ela e seus co-acusados estão enfrentando acusações de peculato, participação ilícita em negócios, abuso de confiança e falsificação. Taipo está actualmente livre, pois foi libertada condicionalmente no ano passado.

 

Filipe Nyusi não é uma pessoa querida

 

Em Setembro do ano passado, num áudio vazado nas redes sociais, a ex-governante Helena Taipo revela que o Presidente da República, Filipe Nyusi, não é uma pessoa querida, e acusa: “Ele escolhe sempre os alvos que podem cruzar o seu caminho e neutraliza-os”. “Estamos a deixar o crocodilo crescer”, alerta a ex-ministra do Trabalho e ex-embaixadora em Angola.

 

Taipo falou das acções de campanha eleitoral que fez a favor da FRELIMO e de Filipe Nyusi, como que justificando suas práticas improbas que agora vão a julgamento. “Tínhamos de comprar as mentes”, diz e rematou: “Quando eu ganhei Angoche, onde nunca se ganhou, ninguém quis saber como consegui”. (Carta)

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