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15 de May, 2025

Greve de “chapas” provoca caos em bairros da cidade e província de Maputo

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Alguns bairros da cidade e da província de Maputo ressentem-se da falta de transporte desde terça-feira (13) devido a uma “greve silenciosa” dos transportadores, que está a afectar os utentes que tentam chegar aos seus destinos. A greve foi motivada pelas acções de fiscalização levadas a cabo pela Polícia Municipal, obrigando muitos estudantes e trabalhadores a percorrer grandes distâncias a pé para chegar às escolas e aos locais de trabalho.

Devido à presença da Polícia Municipal em determinados pontos, alguns jovens, designados por “modjeiros”, mobilizaram-se e posicionaram-se estrategicamente para impedir os poucos transportadores que ainda tentam circular e quem insiste em continuar viagem arrisca-se a ver os pneus da sua viatura furados.

Os transportadores reconhecem que os documentos exigidos pela Polícia Municipal são legítimos, mas apelam por um período de tolerância para poderem continuar a operar enquanto organizam as formalidades impostas.

“É justo que a Polícia exija a carta de transportador público, licenças e outros documentos, mas não nos dão tempo para trabalhar. A polícia apareceu em peso, estão a exigir até o que nunca exigiram. Por exemplo, como posso ter inspecção em dia se circulo em estradas que diariamente danificam os nossos veículos? É complicado”, lamentou Eugénio Samuel Sitoe, transportador da rota Machava-Matola-Gare.

Outro transportador afirma que, desde terça-feira, operam com receio de represálias, incluindo a possibilidade de ver os pneus furados.

“Logo nas primeiras horas conseguimos fazer uma ou duas viagens, mas depois somos obrigados a parar devido à intervenção da polícia. E os colegas que insistem em continuar são ameaçados pelos ‘modjeiros’, que colocam barricadas e furam os pneus. Hoje presenciei um colega da rota Xipamanine-Matola-Gare que teve os quatro pneus furados, quando tentava seguir viagem”, contou Manuel Massingue.

Outro operador, em entrevista à “Carta”, também relatou dificuldades: “Desde terça-feira estamos a trabalhar com medo. Somos obrigados a levar passageiros às escondidas e a usar ruas degradadas com risco de danificar as viaturas, porque as nossas estradas foram tomadas por polícias e ‘modjeiros’ que nos ameaçam porque queremos trabalhar”, disse Álvaro João Nhampossa.

Entretanto, os passageiros também sentem os efeitos. Um deles queixou-se dos valores elevados que paga para chegar à casa, devido às ligações que é obrigado a fazer. “Na terça-feira, saí de casa para Xipamanine, mas o carro foi obrigado a parar na Machava Socimol. Tivemos de caminhar até determinado ponto e só depois conseguimos outro transporte. Saí de casa às 14h00 e só cheguei a Xipamanine às 17h00. No regresso, o cenário repetiu-se. Entrei em casa às 20h30. Estamos a sofrer e a situação piora porque os transportadores cobram mais caro por usarem rotas alternativas, onde não há barricadas”, relatou Maria Loforte.

Devido à situação, na via Matola-Gare-Machava, onde normalmente são cobrados 15 Mts, desde terça-feira, os passageiros pagam 25. Na rota Xipamanine-Matola-Gare, são cobrados 35 Mts contra os habituais 24 e o passageiro paga logo à entrada. (M.A)

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