Um grupo de insurgentes que actuam em Cabo Delgado tomou conta, há dias, da coutada de caca Kambako (bloco B), na reserva do Niassa, mais concretamente um campo que se situa na zona limítrofe das duas províncias, ao longo do Rio Lugenda, um grande afluente do Rovuma.
De acordo com fontes credíveis da “Carta”, os insurgentes entraram na coutada no passado dia 19 e, desde lá até aqui, fizeram de refém pessoas (ainda não se sabe quem são os reféns, se populares ou trabalhadores da coutada). “Carta” sabe que parte do “staff” da coutada foi evacuada.
A Kambako é uma das coutadas da Reserva Especial do Niassa, mas territorialmente localiza-se em Cabo Delgado, não muito distante do eixo Meluco, Montepuez e Mueda.
De acordo com a publicação “Zitamar”, a Reserva Especial do Niassa, leões e elefantes, com seis blocos de caça (grandes extensões de terra geridas por empresas privadas) recebem turistas ricos, sobretudo dos Estados Unidos e do Médio Oriente (incluindo alguns membros da realeza saudita) que vêm fazer safaris, caçar animais como leopardos, búfalos e antílopes e viver entre a vida selvagem.
“O sector tem vindo a crescer desde a pandemia da covid-19. Além de gerar dólares americanos e receitas fiscais muito necessárias, a indústria da caça, que movimenta 10 milhões de dólares por ano, também proporciona segurança ao sector privado para a reserva do Niassa. Os caçadores ilegais que tentam chegar à reserva têm primeiro de passar pelos blocos de caça e pelos guardas de segurança que a rodeiam”.
A Kambako é uma das três maiores operadoras de caça em Moçambique. Na indústria receia-se que esta incursão acabe por implicar o cancelamento das reservas dos turistas cinegéticos não só as reservas para os blocos de caça no Niassa, mas também para outras zonas de caça em Moçambique, como nas províncias de Tete e Sofala, o que seria um desastre para os empresários e, potencialmente, para os seus colaboradores também.
Entretanto, a Zumbo FM noticiou anteontem que as Forças Armadas de Defesa de Moçambique já estavam no encalço dos insurgentes que entraram em Kambako.