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25 de Março, 2025

Tensão pós-eleitoral: “Ir ao diálogo não significa esquecermo-nos de como tudo isto começou” – Venâncio Mondlane

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Vinte e quatro horas após o inédito encontro com o Presidente da República, Venâncio Bila Mondlane, o Segundo candidato mais votado nas eleições presidenciais de 09 de Outubro de 2024, veio à público esclarecer os contornos da reunião havida na noite de domingo, no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, em Maputo.

Segundo Venâncio Mondlane, o encontro com Daniel Chapo foi “de boa vontade” e correu “com toda boa educação” e “toda cordialidade”, para além de ter sido “muito civilizado” e “muito compreensível”.

Sem revelar a identidade dos responsáveis pela “façanha”, Mondlane garantiu que a mesma foi organizada “por um grupo de cidadãos com um espírito patriótico, que fizeram a ponte que muita gente já ansiava”. Sublinhou que a reunião visava criar um ambiente de confiança entre os dois políticos, mas acabou dando passos significativos sobre alguns pontos que são urgentes.

Segundo Venâncio Mondlane, quatro pontos foram discutidos e consensualizados na mesa do diálogo: acabar com a violência; compensar as famílias afectadas pelas manifestações; prestar assistência médica e medicamentosa especializada gratuitamente e uma assistência social e psicológica às vítimas da violência policial e dos manifestantes; e indultar as pessoas detidas por exercer o seu direito.

“É urgentíssimo acabarmos com a violência, tanto a que estão a sofrer os jovens, que dizem ser seguidores do Venâncio, assim como a violência infringida aos polícias, aos membros do partido Frelimo e todos os que não estiverem em concordância connosco. Houve consenso sobre este ponto”, afirmou Mondlane, garantindo que o Presidente da República assumiu a responsabilidade de acabar com a violência do Estado e Mondlane com a violência protagonizada pelos manifestantes.

Para a concretização destes consensos, Venâncio Mondlane assegurou que foi criada uma equipa de trabalho, que terá a responsabilidade de elaborar o plano com os respectivos prazos “para que todos possamos acompanhar e fiscalizar se estes consensos estão ou não a ser feito”.

Em uma transmissão em directo na sua página do Facebook de apenas 29 minutos, o auto-intitulado Presidente Eleito pelo Povo reiterou que sempre esteve aberto ao diálogo e que participará em todas as conversações em que esteja em causa a vida dos moçambicanos.

No entanto, entende que “ir ao diálogo não representa abandonar a causa” e muito menos “significa esquecermo-nos de como tudo isto começou”. “Isto começou porque tivemos uma eleição, em que temos provas inequívocas de que nós ganhamos a eleição. Portanto, não estou com amnésia e sei que o povo moçambicano também não está com amnésia. Nós ganhamos, é por isso que começamos uma série de manifestações porque revindicávamos a nossa vitória”, defendeu.

Referir que o encontro entre Daniel Francisco Chapo e Venâncio António Bila Mondlane aconteceu dois meses depois da investidura do ex-candidato da Frelimo como o quinto Presidente da República, saído das polémicas VII Eleições Gerais de 2024, caracterizadas pela manipulação de resultados.

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