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20 de Março, 2025

Tensão pós-eleitoral: Daniel Chapo diz conhecer “rostos” que destroem bens públicos e privados, prejudicando a economia

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A tensão política pós-eleitoral, caracterizada por protestos desde Outubro de 2024, continua na ordem do dia, com o Presidente da República a endurecer, a cada dia, o seu discurso em torno das manifestações populares, mesmo perante críticas à sua abordagem.

Hoje, discursando em Marracuene, província de Maputo, no encerramento dos cursos de licenciatura e mestrado em Ciências Policiais, na Academia de Ciências Policiais (ACIPOL), Daniel Francisco Chapo defendeu já conhecer os “rostos” que destroem os bens públicos e privados, prejudicando a economia nacional.

“Hoje, felizmente, esses rostos que atentam contra a livre circulação de pessoas e bens, destruindo bens públicos e privados, prejudicando a nossa economia, estão bem identificados e são conhecidos pelas nossas Forças de Defesa e Segurança [Polícia, Serviços Secretos e Forças Armadas] e pelas autoridades judiciais, pela população, que bem saberão aplicar esse conhecimento nos termos e limites da lei”, afirmou o Chefe de Estado.

Chapo, que dirigiu uma cerimónia de graduação pela primeira vez, convidou os graduados (licenciados e mestres) a se empenharem “na prevenção e combate a qualquer tipo de manifestação criminosa que ocorra nas diferentes frentes em que forem chamados a intervir”.

“Nenhum moçambicano pode ser impedido de circular livremente e de transportar os seus bens para onde quer que se desloque. De igual modo, no modelo de economia de mercado vigente, que adoptamos com a aprovação da Constituição da República de 1990, o que dita a fixação dos preços é a oferta e a procura de bens”, acrescentou.

Para o Chefe de Estado, “as manifestações ilegais, violentas e criminosas” são um novo tipo de crime. “Estão cientes de que a vossa cerimónia de graduação acontece num momento desafiante, em que o país tem testemunhado a presença de novas práticas criminais. Falamos, por exemplo, da criminalidade organizada e transnacional; das manifestações ilegais, violentas e criminosas; da desordem pública; da falta de respeito aos agentes da Lei e Ordem, incluindo aos agentes municipais; da sabotagem à economia do país; bem como da insegurança gerada pelas acções de terroristas em alguns distritos da província de Cabo Delgado”, detalhou.

Prosseguindo, o Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS) convidou os graduados a estarem atentos a um outro fenómeno, que é “o incitamento à violência contra a pessoa humana, bens e infra-estruturas públicas e privadas, com recurso às plataformas digitais e electrónicas, onde despontam panfletos instigadores que criam um clima de instabilidade, sob a camuflagem de manifestações pacíficas, passeatas e caravanas que viram em manifestações violentas, ilegais, criminosas, o vandalismo e destruição de bens públicos e privados”.

Desde Outubro de 2024 que o país está mergulhado na sua pior crise política, caracterizada por protestos, causados pela fraude eleitoral nas Eleições Gerais de 09 de Outubro, mais uma vez contestada e ignorada pelos órgãos eleitorais.

Convocados pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, milhares de cidadãos, na sua maioria jovens, saíram às ruas em protesto contra os resultados eleitorais, a carestia da vida e violência e impunidade policial, em todo o país, com destaque para as cidades de Maputo e Matola.

Os protestos, cujo período de pico foi testemunhado entre os meses de Outubro e Janeiro, resultaram na pilhagem de bens, destruição de infra-estruturas públicas e privadas e na morte de mais de 350 pessoas, na sua maioria civis, assassinadas pela Polícia.

Esta semana, por exemplo, a Polícia voltou a fazer mais uma vítima mortal, no município da Matola, após um grupo de jovens se terem reunido, no passado dia 18 de Março, para celebrar o denominado dia dos “heróis do povo”, decretado pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane para homenagear figuras públicas e anónimas não reconhecidas pelo Governo. (A.M.)

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