Um total de 536 moçambicanos dos mais de sete mil que estavam refugiados em Nsanje e Chikwawa, sul do Malawi, devido à tensão pós-eleitoral em Moçambique, foram repatriados até este domingo (02) para o distrito de Morrumbala, província da Zambézia.
A operação começou no último sábado, devendo durar sete dias, segundo apurou ontem “Carta”, junto de uma fonte oficial. Contudo, o processo irá terminar assim que todos os moçambicanos interessados estejam em solo pátrio, visto tratar-se de um repatriamento voluntário.
O repatriamento deveria ter iniciado na passada quinta-feira, mas as autoridades moçambicanas viram-se obrigadas a adiar o processo, devido à subida do caudal do rio Chire, que não oferecia segurança para a navegabilidade do Malawi para Moçambique.
A iniciativa é conduzida pelo Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres de Moçambique INGD), juntamente com a contraparte malawiana, e várias outras organizações ligadas aos refugiados.
O director da Divisão de Prevenção e Mitigação no INGD, César Tembe, garante que estão criadas as condições para assistência aos moçambicanos.
“Para as famílias que por qualquer razão poderão não ter a casa em condições de habitabilidade, vamos montar tendas e vão ficando de forma provisória enquanto se cria outro tipo de condições. Também reposicionámos outro tipo de bens de assistência como mantas e redes mosquiteiras, que também vamos apoiar as famílias para poderem reerguer-se, já em território nacional”, disse.
O administrador do distrito de Morrumbala, na Zambézia, João Nhambessa, assegurou estarem criadas as condições para receber as famílias de volta às suas zonas de origem.
Os moçambicanos, maioritariamente do distrito de Morrumbala, refugiaram-se em Nsanje devido à onda de manifestações violentas que resultaram na destruição de bens públicos e privados e, na hora do adeus ao Malawi, pediram ao governo moçambicano para reforçar as medidas de segurança nas suas zonas de origem.
Igualmente, apelam ao diálogo entre as partes, de modo a pôr termo à onda de violência. Malawi tem sido ao longo de décadas refúgio seguro para os moçambicanos, sobretudo da região centro e norte, em caso de calamidades ou conflito em Moçambique. O país vizinho faz fronteira com as províncias de Tete, Zambézia e Niassa. (Carta)