As primeiras horas desta segunda-feira (24) foram marcadas por um misto de manifestações e bloqueios de algumas das principais vias da capital do país e na província de Maputo, alguns em protesto contra o custo de vida e outros às inundações que se prolongam há mais de dois anos. Em Malhazine, por exemplo, os manifestantes que saíram às ruas entraram em confronto com a Unidade de Intervenção Rápida (UIR), o que resultou em alguns feridos por balas reais.
Em Magoanine, também na cidade de Maputo, o transporte semi-colectivo que liga vários pontos da cidade ficou paralisado. Paragens encontravam-se superlotadas e várias pessoas que queriam chegar aos seus postos de trabalho tiveram de marchar a pé. Os manifestantes queimaram pneus e colocaram barricadas na via pública, exigindo a presença do Presidente do Município de Maputo, Rasaque Manhique, para ajudá-los a retirar as águas estagnadas nas suas residências e nas ruas há alguns meses.
Vários passageiros foram obrigados, mais uma vez, a caminhar da Praça da Juventude até à Praça dos Combatentes (vulgo Xiquelene), durante várias horas desta segunda-feira, uma vez que boa parte dos transportadores decidiu parquear as suas viaturas com receio de serem vandalizadas. Aliás, no final do dia, houve bloqueio da Avenida Julius Nyerere junto à Praça dos Combatentes.
Na Estrada Circular de Maputo, entre a rotunda da Matola-Gare (Matola) e o bairro do Zimpeto (cidade de Maputo), logo nas primeiras horas do dia, circulavam poucas viaturas e várias pessoas estavam nas paragens à espera de transporte para chegarem aos seus postos de trabalho. Por conta da situação, até mesmo o habitual engarrafamento no troço entre o controlo do Zimpeto e o entroncamento da Rua Ndambi 2000 (vulgo cruzamento de Matendene) não foi registado nas primeiras horas de manhã.
Igualmente, entre Zimpeto e a rotunda de São Roque, o ambiente estava bastante calmo, com poucas viaturas na estrada e pouco movimento de pessoas. O comércio esteve tímido. Já na zona do cimento, o ambiente estava tranquilo e o transporte fluía normalmente. Para quem saía da cidade em direcção à Matola, o percurso era feito em menos tempo que o habitual, embora em determinado momento, na zona da Drenagem, vários jovens tenham sido vistos a lançar pedras contra os carros em movimento. A Unidade de Intervenção Rápida (UIR) esteve no local em grande número para controlar a situação.
No fim da tarde, os operadores do transporte semi-colectivo circulavam com alguma timidez e o cenário de paragens cheias se agravou, pois, os comboios dos Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM), que ligam a cidade de Maputo a vários bairros do Município da Matola e Marracuene, foram suspensos devido às barricadas na linha férrea.
A Estrada Nacional Nº 3 também esteve bloqueada em Goba, no distrito da Namaacha, província de Maputo. Aliás, tornou-se frequente o bloqueio daquela via nas últimas semanas. (M. Afonso)