A ativista moçambicana Graça Machel pediu hoje um movimento amplo e profundo de repúdio contra o assédio sexual, após a polémica no caso de instrutores suspeitos de engravidar candidatas a polícias na Escola Prática da Polícia.
“Precisamos de um movimento amplo e profundo de intolerância e de repúdio contra o assédio sexual”, declarou Graça Machel, numa entrevista ao canal televisivo STV.
O caso veio a público há duas semanas, quando foi divulgada nas redes sociais uma ordem do comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, para a instauração de um processo disciplinar contra instrutores da Escola Prática da Polícia de Matalane, por suspeitas de terem engravidado jovens durante a formação.
No documento, Bernardino Rafael ordenava a suspensão dos instrutores e o regresso das jovens para as suas casas, assegurando a sua reintegração no curso após o parto.
Para Graça Machel, a legislação deve ser reforçada e não pode deixar dúvidas que o assédio sexual é crime, num processo que deve envolver todos segmentos da sociedade moçambicana.
“É necessário que as pessoas cheguem ao ponto de não se atrever a tentar por saber que a opinião pública vai cair sobre eles de forma implacável. Este ambiente deve ser criado sim por organizações da sociedade civil , mas também por organismos do Estado”, afirmou a ativista.
“Todos os setores têm de criar um ambiente de intolerância e inadmissibilidade para que não se usem as mulheres para fins mesquinhos”, declarou. (Lusa)