Quando fundamos a Carta era preciso encontrar cronistas que complemetassem nosso noticiário. De preferência uma voz nova, desamarrada das agruras da política, independente, e armada de bom verbo e do poder voraz do sarcasmo. Juma AIUBA já escrevia no Facebook, e tinha uma ninhada considerável de sequidores. Foi escolhido a dedo. De Quelimane, ele escrevia para o país, pintando de humor os actos da política quotidiana, descascando as mentiras, denunciando incongruências e esmiuçando a avareza. Ao aceitar escrever na Carta, não o jornal que lhe estava a dar a boleia da exposição mediática. Foi a
Carta quem se pendurou na bageira de um jovem cronista com dotes firmados, cuja produção literária ja ganhara seu estatuto de relevo no anedotário nacional. Juma AIUBA teve sua quota paŕte de responsabilidade pela visibilidade que Carta ganhou nestes dois anos de existência. Ele era um cronista exímio, digno de Areosa Pena, salve devidas distinções de estilo. Aliás, Juma armou seu estilo próprio, recriavando a língua, brincriando com as palavras, sempre com recurso ao linguajar popular. Era de leitura agradável, mesmo quando escrevesse sobre temas cansativos como o das “dívidas ocultas”. Um homem de grande imaginação. Um cronista de fina estirpe. Escrevia com prazèr, como todo bom jornalista. Nosso compromisso era informal. Dissemos-lhe: escreva. Uma vez por semana. Ele era capaz de enviar-nos 4 textos, todos de qualidade superior.
Sua característica suprema era a coragem e os tomates de que gostava de falar. Tinha-os bem no lugar! Destemido. Incómodo. Sua morte é demasiado prematura. As circunstâncias estranhas. Moçambique perde uma das suas vozes mais brilhantes. E Carta uma das suas luzes. Vá com Deus, Juma. Co’licensa (Marcelo Mosse)
Ps: Juma, vamos tartar de publicar tuas crónicas em livro, como já vinhamos falando.