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3 de Maio, 2021

“Camaradas” querem falir Banco Nacional de Investimento

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Os “Camaradas” querem tramar o Presidente da Comissão Executiva (PCE) do Banco Nacional de Investimento (BNI), Tomás Matola, e, consequentemente, falir aquela instituição bancária pública, com facilidades na hora de solicitar empréstimos que não se irão preocupar em pagar, alegadamente por serem fundos públicos.

 

Todavia, o PCE do BNI garante que isso não vai acontecer, pois, a instituição está armada para executar a quem não devolver o dinheiro. É assim que se caracteriza a gestão da coisa pública em Moçambique, instituições estatais têm maior probabilidade de fazer negócios com pessoas ligadas à elite, principalmente vinculadas ao partido no poder.

 

Mergulhado nesse modus vivendi, Matola desabafa, em entrevista ao Canal de Moçambique, que lhe tem sido difícil, por um lado, ser profissional e, por outro, ser “camarada”.

 

“Tenho estado a gerir conflito diariamente. Por um lado, tenho de ser profissional, tenho de cumprir com a lei, mas, por outro, estou a gerir relacionamentos. São pessoas conhecidas, são colegas, são camaradas e são pessoas que querem facilidades. Confesso que tem sido um dilema, porque conforme a nossa moda moçambicana, pensamos que o facto de eu ser isto, abre a porta aqui, abre a porta ali e facilita aqui”, desabafou o PCE do BNI ao aludido jornal.

 

Entretanto, Matola deixa um recado aos “camaradas”. Avisa que todos deverão devolver os fundos emprestados, sob pena de serem executados. “Estamos armados para fazer as cobranças. Aqueles que não pagarem vamos executar. É importante que o dinheiro volte para beneficiar os outros. É assim que se constrói um país”, sublinhou Matola ao referido periódico.

 

As declarações do PCE do BNI acontecem no âmbito da recepção, há meses, de 1.6 mil milhão de Meticais do Estado e do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) para apoiar as pequenas e médias empresas afectadas pela crise pandémica.

 

À prior, Matola disse que o valor era muito pouco, olhando para aquilo que é a avalanche das empresas afectadas pelos efeitos da pandemia. Como consequência, sempre dizia que seria muito complicado geri-lo. De facto, a demanda foi de 11,1 mil milhões de Meticais, 14% acima do valor disponível.

 

Quase um ano após a disponibilização do fundo, o PCE do BNI desabafa também estar num dilema com os “camaradas” que querem tudo fácil e de borla.

 

Entretanto, falando ao Canal de Moçambique, Matola esclareceu que o BNI não é um “banco para amigos e camaradas”, pelo que quem ousar não devolver o dinheiro concedido verá os seus bens penhorados.

 

Mercê dessa gestão, Matola diz que a BNI é uma instituição financeira lucrativa, sólida e estável. O banco conta actualmente com 3.2 mil milhões de Meticais de fundos próprios. Desde 2014 até 2019, o banco registou um lucro acumulado de 1.1 mil milhões de Meticais.

 

“Do ponto de vista de indicadores de solvabilidades, conseguimos manter 32%, contra 12% legalmente exigido. Do ponto de vista de liquidez, em que no mínimo regulamentar são 25%, nós andamos acima dos 100%. Quando fechamos o quinto ano, em 2019, estávamos nos 139%. O banco está estável, sólido e líquido”, disse Matola ao referido periódico. (Carta)

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