Cai o pano sobre o ano de 2018. É hora de se fazer o balanço de tudo o que aconteceu, aos mais diversos níveis, durante estes 12 meses.
Pois então, em termos culturais, há a registar o regresso dos Kapa Dech – a banda moçambicana nascida em 1996, por “obra e graça” de um grupo de jovens talentosos da capital: Tony Jango (já falecido), Rufus Maculuve, Zé Pires e Jaime Guambe “Mitó”.
Este quarteto, que compunha a espinha dorsal da banda, provinha do grupo infantil Pétalas Amarelas (da Organização Continuadores), a qual posteriormente deu origem ao grupo musical Kaway K10.
Pretendendo formar uma banda que fosse capaz de representar o país além-fronteiras, os fundadores convidaram outros elementos provenientes de diferentes conjuntos que partilhavam o interesse de internacionalização e valorização da cultura moçambicana. Foi nesse contexto que passaram a integrar os Kapa Dech os músicos Roberto Isaías, António Melisse “Dodó”, Anselmo Novela “Neco” e Almeida Goca.
Nos primeiros anos da sua existência, o grupo foi apadrinhado pela já conceituada banda Ghorwane, que na altura tinha a sua sede nas instalações do Grupo Desportivo de Maputo. Foi aí onde aconteceram as suas primeiras apresentações públicas. Porém, rapidamente, o conjunto começou a ganhar espaço no panorama musical nacional, e em 1997 venceu a 1ª edição do concurso de agrupamentos juvenis, denominado Music Crossroads, em Harare (Zimbabwe), classificando-se como o melhor da região austral de África.
Nesse mesmo ano, os Kapa Dech assinaram um contrato com a editora francesa Lusafrica, sediada em Paris – em cujo catálogo faziam parte artistas como Cesária Évora, Bonga, Ferro e Gaita, Sally Nyolo, Filipe Mukenga, Chiwoniso, entre outros. A parceria resultou na gravação e edição de dois álbuns, nomeadamente Katchume (1998) e Tsuketani (2000), ambos gravados em Paris.
O sucesso dos Kapa Dech permitiu a sua participação em festivais fora de Moçambique (Noruega, Portugal, França, Suécia, África do Sul, Zimbabwe, Botswana, Swazilândia, entre outros).
Possuidora de composições musicais com uma forte inclinação para a crítica social, a banda aliou a sua carreira a projectos e campanhas de acção social em diferentes vertentes, com destaque para área de HIV/SIDA e meio ambiente.
Perdas de vulto
Numa altura em que se encontrava muito bem posicionada no mercado e após um arrebatador sucesso, em 2007 o grupo sofre a perda de alguns dos seus elementos, designadamente Tony Jango, Pilecas (falecidos) e Roberto Isaías que optou por seguir uma carreira a solo, o que conduziu paulatinamente a uma instabilidade estrutural.
De registar que nessa altura os diferentes membros decidiram enveredar por projectos individuais, levando a que a banda sofresse uma estagnação de cerca de 10 anos.
Em finais de 2017, os antigos OK? integrantes do Kapa Dech sentiram a necessidade de retomar o projecto. O anúncio público do seu regresso aconteceu nos princípios do presente ano, e foi apadrinhado pelo Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho de Rosário.
A ocasião serviu também para dar a conhecer o retorno de Roberto Isaías e a integração de dois novos membros: a cantora Sizaquel Matlombe e o percussionista Pimenta Lifaniça. A retoma tem sido marcada por diversas apresentações em eventos, sendo de destacar os MMM (Mozambique Music Meeting), Festival da Barra, Conferência Anual do Sector Privado (CASP), Festival Azgo, Gala Vibratoques, Festival A Luta Continua, e Festival Municipal, dentro do país, e Bushfire, na Suazilândia.
“Line-up” e projectos para 2019
Para 2019 estão previstos o lançamento de um álbum de originais e um concerto na Praça da Independência intitulado “Retroespectativa”, o qual vai “olhar” para o passado, presente e futuro.
Actualmente o grupo é composto por Sizaquele Matlombe (Voz) Roberto Isaías (Voz),Pimenta Lifaniça (Percussão), Rufus Maculuve (Teclados), José Pires (Teclados), Stélio Zoé (Bateria), António Firmo (Guitarra) e Jaime Guambe (Baixo).(H.L)