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segunda-feira, 08 junho 2020 04:24

Médicos Sem Fronteiras suspende actividades em Macomia

A Médicos Sem Fronteiras (MSF), uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afectadas por graves crises humanitárias, suspendeu as suas actividades no distrito de Macomia, na província de Cabo Delgado.

 

A suspensão foi anunciada pela organização na passada sexta-feira, em comunicado de imprensa, e surge depois da destruição do Centro de Saúde de Macomia – onde a organização prestava apoios – durante o ataque terrorista levado a cabo pelos insurgentes à vila-sede daquele distrito, no passado dia 28 de Maio.

 

“A MSF tinha 27 profissionais a apoiar o Centro de Saúde de Macomia. Esconderam-se nas matas ao longo de quase dois dias, cheios de medo de dali saírem. Felizmente, ninguém foi ferido e hoje [05 de Junho] todos foram localizados. Este ataque e os que o antecederam forçaram milhares de pessoas a fugir. A nossa capacidade para chegar a quem precisa de ajuda é prejudicada por este aumento da violência e pela destruição do Centro de Saúde”, confirmou a Chefe de Missão da MSF, Caroline Gaudron Rose, citada no comunicado.

 

Este é o segundo distrito da província de Cabo Delgado a ficar sem os serviços da organização, depois de Mocímboa da Praia. Em Março, após o ataque à vila-sede do distrito de Mocímboa da Praia, a MSF suspendeu as suas actividades naquele ponto do país.

 

Entretanto, no comunicado de imprensa, a que “Carta” teve acesso, a MSF diz estar a rever activamente a sua estratégia com o objectivo de continuar a providenciar apoio a milhares de pessoas que perderam seus meios de subsistência, casas e comunidades.

 

No passado dia 28 de Maio, lembre-se, os insurgentes atacaram a vila de Macomia às primeiras horas da manhã, tendo incendiado casas, lojas, escolas e edifícios religiosos e governamentais, incluindo o Centro de Saúde, onde aquela organização humanitária prestava o seu apoio médico.

 

A MSF sublinha, na nota, que desde o mês de Março que se tem verificado o aumento de ataques na província de Cabo Delgado. “Estas investidas dizimaram vilas e aterrorizaram as populações locais. Macomia acolhia já milhares de pessoas deslocadas por ataques anteriores. O número de pessoas forçadas a abandonar as suas casas na Província de Cabo Delgado continua a crescer”, destaca a fonte.

 

“Há ainda milhares de pessoas deslocadas que estão escondidas nas matas, demasiado assustadas para regressarem às suas aldeias. Estão aterrorizadas com a violência constante. A situação pode ser extremamente terrível para quem foi forçado a fugir de Macomia e de outras aldeias vizinhas – sem abrigos, nem água potável ou acesso aos cuidados médicos, estão profundamente vulneráveis”, disse Gaudron Rose, também citado na nota.

 

Segundo a MSF, o acesso à região norte do país tornou-se cada vez mais difícil, desde que a violência eclodiu nos finais de 2017, porém, refere que a assistência humanitária é crucial para as populações deslocadas que sofrem já com surtos de malária e de cólera e “um escasso acesso a cuidados para o HIV e para a tuberculose”.

 

Refira-se que a MSF está presente, em Moçambique, desde 1984 e, na cidade de Pemba, presta apoio às autoridades de saúde na melhoria do acesso à água e ao saneamento, assim como dando resposta a possíveis surtos de doenças diarreicas e cólera.

 

Salientar que, tal como aconteceu nas vilas-sedes de Mocímboa da Praia e Quissanga, as autoridades ainda não tornaram público o balanço dos estragos resultantes do ataque terrorista levado a cabo pelos insurgentes, para além do anúncio do abate de 70 terroristas e de quatro líderes do grupo. (Carta)

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