Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

terça-feira, 02 junho 2020 07:39

Instituições públicas do Ensino Superior apreensivas por conta da Covid-19

Representantes das Universidades e das instituições de ensino superior, do sector público, na zona sul de Moçambique, reuniram-se, esta segunda-feira, em Maputo, para discutir o plano de acção e formas articuladas de intervenção face à pandemia de coronavírus, que assola o país e o mundo e que atirou os estudantes para fora das universidades, prosseguindo o processo de ensino e aprendizagem via plataformas digitais.

 

De acordo com o documento a que “Carta” teve acesso, a reunião foi convocada pela UPMaputo e dirigida pelo Reitor da Universidade Pedagógica de Maputo, Jorge Ferrão, que arrolou vários pontos de agenda dos quais fazia parte a reflexão sobre as medidas adoptadas para a prevenção e combate à propagação da COVID -19, apresentação e discussão de possíveis cenários e medidas a tomar para a retoma das actividades lectivas, discussão sobre questões relacionadas ao pagamento de propinas e ainda um espaço para os diversos particulares e comuns.

 

Na reunião participaram igualmente os vice-reitores, directores de áreas afins das IESP e ainda representantes do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) e do Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação, entretanto, com a ausência do Ministério da Tutela. O encontro tinha também em vista acertar os pormenores para uma plataforma comum de actuação na reunião que a seguir, na tarde desta mesma segunda, os reitores tiveram com Gabriel Salimo, Ministro da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional.

 

De acordo com Ferrão, é fundamental que as Instituições de Ensino Superior Público (IESP) actuem em conjunto, tenham uma coesão, apresentem uma imagem organizada, estruturada e preparada para o momento. É primordial garantir que os estudantes continuem a beneficiar de um ensino de qualidade e com continuidade, apesar de estarem em casa, o que desde logo levanta diversas questões, tais como: saber quantos estudantes estão a beneficiar do ensino online e/ou à distância? Como estão a beneficiar? Que plataformas estão a usar e como estão a usar? Com que efeito?

 

O documento refere ainda que todas as questões acima levantadas e outras colaterais e concomitantes remetem a esta classe de profissionais para o fundamental, que é saber se este ensino que está a praticar pode levar o sector do Ensino Superior a avaliar e validar o processo e, consequentemente, o semestre.

 

“É chegado o momento de as IESP terem o seu próprio Conselho de Reitores”, referiu Ferrão, tendo prontamente sido secundado pelo Reitor da Universidade Eduardo Mondlame (UEM), Orlando Quilambo.

 

Entretanto, o Reitor da UniSave, Manuel Morais, falou duma recente reunião tida com as universidades que resultaram da divisão da Universidade Pedagógica e que agregam 52 mil estudantes do ensino superior, portanto, com uma palavra a dizer em todo este processo que está a ser pensado conjuntamente. Morais propõe uma redução de 20 por cento no pagamento da propina, um número lançado contra outros apresentados que vão até 50 por cento ou mesmo o pagamento na totalidade como é o caso da ACIPOL.

 

Porém, a UPMaputo apresentou um estudo sobre a conectividade dos estudantes e docentes, tipo de plataformas usadas, as preferências e sua eficiência. Assim, os resultados de acordo com Manuel Zunguze, um dos autores do estudo, revelou que o WhatsApp é a plataforma, de longe, mais usada por estudantes e docentes. As plataformas institucionais, Moodle e SIGEUP, no caso da UPMaputo, não têm a preferência dos estudantes e, desta feita, o Reitor da UEM apresentou um quadro semelhante, ou seja, os estudantes preferem ou são compelidos a estudar usando o telefone (WhatsApp).

 

Por seu turno, o Director do Instituto Superior de Ciências de Saúde (ISCISA), Alexandre Manguele, propõe que o Estado estude uma forma de isentar o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) para baixar o preço dos computadores, sobretudo Laptop para estudantes. Para Manguele, é inconcebível que um estudante do ensino superior não consiga comprar um Laptop devido ao elevado preço.

 

Já o Reitor da ACIPOL, José Mandra, disse que os cadetes pagam a propina na totalidade e este assunto não é para discutir, tendo em conta que eles recebem salário.

 

O Reitor da Universidade Joaquim Chissano, José Mário Magode, vai pelo meio-termo e por um estudo mais aprofundado em cada universidade, em que explica que as Instituições de Ensino devem saber o tamanho dos contribuintes, as necessidades da instituição e as possibilidades de manter o sistema em funcionamento.

 

Segundo a Directora do Ensino Geral que esteve a representar o MINEDH, Samaria Tovela, a grande preocupação é com o facto de muitos alunos continuarem fora de casa em pleno estado de emergência.

 

“Os números apresentados não são animadores, a maior parte dos estudantes continuam com o sistema de fichas, a usar o papel com todos os riscos de contaminação. Das 38 semanas previstas para o semestre, só foram leccionadas sete semanas, ou seja, só 18,5 por cento do conteúdo foi aprendido até agora. Em relação aos exames de admissão ao ensino superior para o próximo ano, tudo ainda está por ser analisado e decidido”, explicou Tovela.

 

Para encerrar o encontro das IESP que teve um carácter consultivo, ficou decidido que a Universidade Eduardo Mondlane vai acolher o próximo evento muito em breve que tem como um dos principais objectivos a criação de um Conselho de Reitores do Ensino Público. (Marta Afonso)

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