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Centenas de famílias deslocadas das aldeias do posto administrativo de Chai começaram a chegar desde sexta-feira, à vila de Macomia, centro de Cabo Delgado, devido à frequente presença de grupos terroristas na região que vêm protagonizando ataques esporádicos.
Fontes informaram à "Carta" que algumas famílias estão a ser acolhidas por parentes, enquanto outras se encontram em centros de acolhimento. Essas famílias relatam ter abandonado tudo, incluindo as suas machambas, cujos produtos estavam na fase de maturação.
Os deslocados que vão chegando à vila de Macomia vêm das aldeias de Litandacua, atacada na última quinta-feira, Nkoe e Chai-sede, sendo que estas duas últimas são frequentemente “visitadas” pelos grupos armados.
"Só hoje, domingo (09), recebemos três carros superlotados, sem contar com aquelas pessoas que desde sexta-feira vão chegando a pé. São famílias que fugiram de Chai; e esses terroristas talvez querem que toda a gente fique aqui para morrermos juntos de fome", disse Domingo Singano, que lamentou o facto de os ataques ocorrerem numa altura em que os produtos das machambas estão na fase de maturação.
As famílias recém-chegadas ainda não receberam nenhuma assistência, embora as outras, previamente registadas, estejam já a receber apoio humanitário. "Chegaram muitas pessoas de Litandacua, estão a fugir dos ataques terroristas, a situação lá não está boa, e muitas pessoas estão a chegar aqui a vila de Macomia", disse João Sabila, que também antevê momentos difíceis devido às dificuldades de canalização de apoio humanitário, sobretudo nos últimos meses.
Os residentes de Macomia estranham o facto de as forças posicionadas no terreno se mostrarem incapazes de eliminar os grupos armados que operam na região nos últimos dias. Além de Macomia, os terroristas também se movimentam em Muidumbe e Mocímboa da Praia. (Carta)
