A violência pós-eleitoral em Moçambique custa à África do Sul até R$ 10 milhões por dia em interrupções no comércio, afirma a Associação de Transporte Rodoviário de Carga (RFA na sigla em inglês). O Chief Executive Office (CEO) da associação, Gavin Kelly, pediu ao Presidente Cyril Ramaphosa para que intervenha e ajude a trazer paz ao conflito.
A RFA diz que sem 'a intervenção de um estadista', o perigo de Moçambique voltar a uma guerra civil 'se tornará cada vez mais real'.
“Precisamos de um estadista para explicar a Moçambique que o nosso país está a sofrer e que precisa haver uma resolução para concordar com o caminho a seguir, e enquanto isso acontece, o corredor para o Porto de Maputo precisa de ser protegido. A todo o custo e por quaisquer meios”, disse Kelly numa declaração.
“Os nossos motoristas, os nossos camiões, a carga dos nossos clientes, a imagem empresarial de milhares de empresas africanas estão todos ameaçados dia após dia”, sublinha.
“Os motoristas são espancados (e não têm nada a ver com o cenário político em Moçambique), os camiões são saqueados, queimados, as estradas para o Porto de Maputo são bloqueadas e o próprio Porto é sitiado”, detalha o CEO.
Apostar nas ferrovias internas
Embora a Road Freight Association queira que Ramaphosa intervenha para trazer calma, a África do Sul corre o risco de entrar em conflitos externos que drenam recursos e não são facilmente resolvidos.
“O que precisamos fazer é consertar as linhas férreas aqui em casa”, diz Jan Havenga, professor de logística da Universidade Stellenbosch.
“Não há dúvidas de que os camiões que tentam cruzar a fronteira da África do Sul para Moçambique enfrentam sérias dificuldades. A fronteira [com Moçambique] está fechada e vimos camiões parados numa fila de mais de 20 quilómetros.
“A solução é consertar a nossa rede ferroviária e portuária, tendo em mente que um único comboio transporta o equivalente a 30-40 camiões de carga escoada por estrada.”
A volatilidade em Moçambique sempre esteve lá, diz um especialista em transporte. “Compare [Moçambique] com a transição pacífica na Namíbia e no Botswana para colocar isso em foco. Esse risco sempre fez parte do jogo de camiões de Maputo.”
Havenga diz que a interrupção do transporte rodoviário que entra no porto de Maputo pode reacender o interesse no tão falado Corredor Ferroviário Trans-Kalahari, que conectaria Gaborone, no Botswana, a Walvis Bay, na Namíbia. Isso reduziria em cinco dias o tempo de navegação do sul da África para a Europa. (RFA/Moneyweb)