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segunda-feira, 27 junho 2022 06:24

Polícia detém duas pessoas por simular novos ataques terroristas em Ancuabe

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A Polícia da República de Moçambique (PRM) deteve duas pessoas suspeitas de simular novos ataques no distrito Ancuabe, no sul da província de Cabo Delgado, informou ontem porta-voz da corporação. “Trata-se de detenções que resultaram de denúncias da população”, declarou Mário Adolfo, porta-voz da PRM na província de Cabo Delgado, citado ontem pela Televisão de Moçambique (TVM).

 

Os dois suspeitos foram detidos na aldeia de Naputa, no distrito de Ancuabe, a 100 quilómetros da capital provincial (Pemba), após tentarem atear fogo a residências daquela aldeia para espalhar pânico e saquear bens, segundo as autoridades.

 

“Estamos a verificar casos de desinformação, onde indivíduos tentam se aproveitar da fragilidade das populações, simulando novos ataques terroristas para depois saquear residências”, declarou Mário Adolfo.

 

Os novos ataques na faixa sul da província começaram no dia 05 de junho e visavam pontos recônditos do distrito de Ancuabe, tendo as incursões provocado pânico também em alguns distritos próximos, nomeadamente Metuge, Mecúfi e Chiúre, segundo informações avançadas pelo Governo provincial.

 

As incursões de rebeldes no sul da província provocaram mortes em número por determinar e uma nova vaga de cerca de 17 mil deslocados, além impacto na atividade económica da região. Suspeita-se que as ações registadas em diferentes locais do distrito de Ancuabe sejam desencadeadas por rebeldes em fuga da ofensiva militar que está em curso desde julho de 2021, com apoio internacional, no extremo norte de Cabo Delgado (distritos de Palma, Mocímboa da Praia e Muidumbe), na zona dos projetos de gás.

 

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

 

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário. (Lusa)

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