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terça-feira, 21 junho 2022 07:35

Músicos questionam taxa de rodagem dos vídeo clipes

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Alguns músicos e produtores dizem que não se justifica o pagamento da taxa de 4 mil meticais ao Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema, para a rodagem dos vídeo clipes nos canais televisivos", para além de terem pouca informação sobre o assunto.

 

A taxa foi aprovada pelo Governo através do regulamento  da Lei de Audiovisual e do Cinema, decreto número 41∕2017, de 4 de Agosto.

 

Depois de "Carta" ter feito uma publicação, esta segunda-feira, em torno das polémicas "taxas de rodagem dos vídeo clipes", a nossa reportagem contactou alguns músicos e produtores musicais para apurar o nível de percepção e conhecimento sobre o assunto e o que eles têm a dizer sobre o mesmo.

 

A referida taxa deverá ser paga pelos vídeo maker's (produtores de vídeo clips) e não pelos próprios músicos. Em conversa com Marcelo Lopes, um dos produtores musicais do país, este explicou que o assunto está a perturbar a classe artística, com agravante de não se saber a razão da cobrança de 4000 Mts. 

 

"Nós como músicos e produtores musicais gostávamos de perceber para quê pagamos esse valor e para onde vai, numa altura em que as televisões têm optado em passar mais os vídeos internacionais e para passarem os nossos vídeos temos sempre dificuldades. Eu como produtor musical já procurei me informar no Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema (INAC) sobre o valor a ser pago pela taxa de rodagem e, sem dar uma explicação plausível, o director afirmou categoricamente que são 4 Mil Meticais. 

 

Por sua vez, Valéria Moiane, mãe da cantora Tamires Moiane, mostrou-se surpresa quando soube que o valor da taxa de rodagem é de 0,5 % do orçamento da produção do vídeo clipe.

 

Moiane disse que essas taxas só vêm sufocar os músicos porque quando entram em conversações com os produtores de vídeo, em nenhum momento eles falam desta taxa, mas, quando vão às televisões para entregar os vídeos, se deparam com esta situação e os músicos acabam pagando porque querem promover o seu trabalho. 

 

"Nós começamos a ouvir sobre essas taxas na altura em que a pandemia da Covid-19 estava em alta no país e grande parte dos músicos não estava a trabalhar. Paradoxalmente, o Ministério da Cultura, em vez de nos apoiar, decidiu apertar-nos com taxas, sem contar com as famosas “sopinhas” que muitos artistas emergentes são obrigados a dar aos apresentadores ou alguns funcionários das televisões para nos ajudar a divulgar as músicas nas televisões, isto é triste e lamentável", indignou-se. 

 

Por seu turno, Lopes Laster, um dos artistas emergentes da praça, explicou que essas taxas surgem para matar a música moçambicana. 

 

"Uma das coisas que faz com que nós os artistas emergentes sejamos conhecidos é o facto das televisões (os apresentadores) pedirem para serem "orientados" para passarem as nossas músicas ou para nos promoverem.  Por vezes, somos obrigados a pagar até as pessoas que vão nos encaminhar até conseguirmos chegar no topo e isso acontece também nas rádios onde temos de pagar os locutores para passarem nossas músicas e fazerem elas baterem mais", lamentou.

 

Já Justino Ubaka, um dos músicos de renome na praça, referiu que estas taxas nem deviam servir de preocupação para os artistas, sobretudo os que já têm a sua carreira bem encaminhada. 

 

"Estas taxas não me preocupam e penso que não deviam preocupar muitos artistas, não vejo aqui a necessidade de se debater este assunto nas redes sociais porque hoje em dia, as televisões do nosso país estão mais preocupadas em difundir polémicas e não em promover a música moçambicana ou passar os vídeo clipes. Os músicos devem apostar mais em divulgar seus trabalhos nas redes sociais (YouTube, Instagram, entre outras)".

 

"Eu divulgo mais as minhas músicas nas redes sociais e já não me preocupo muito em ir entregar os meus vídeos nas televisões. Com as novas tecnologias, algumas televisões acabam indo as nossas redes sociais para baixar os nossos vídeos e passam uma ou duas vezes. Eu penso que a promoção deve ser massificada pelo próprio músico através dos meios ao seu dispor e isso pode nos ajudar a vender mais", explicou. (Marta Afonso)

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