Dois meses depois do início das ofensivas militares conjuntas entre as tropas moçambicanas e ruandesas, ainda não foi possível capturar os líderes do grupo terrorista que, há quase quatro anos, semeia pânico e luto em alguns distritos da província de Cabo Delgado.
Esta quinta-feira, “Carta” soube que os líderes espiritual e militar, Sheik Hassan e Bonamade Omar, respectivamente, escaparam do recente “assalto” à localidade de Mbau, sede do Posto Administrativo com mesmo nome, tida como bastião do grupo terrorista.
Segundo o Major Steven Kuraba, Comandante da Força Especial Ruandesa destacada para Mbau, os dois líderes residiam naquele ponto do país, porém, conseguiram escapar e agora suspeita-se que estejam escondidos nas margens do rio Messalo.
Com este facto, é um dado certo que a missão ruandesa poderá terminar sem ter capturado os líderes do grupo terrorista que, ao que tudo indica, ainda se encontram nas matas da província de Cabo Delgado. O facto é que a tropa ruandesa apenas tem missão para actuar na região norte do rio Messalo, sendo que a margem sul daquele rio está a cargo das forças da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral).
Assalto a Mbau durou oito dias
“Carta” esteve ontem na localidade-sede do Posto Administrativo de Mbau, no sudeste do distrito de Mocímboa da Praia, onde testemunhou in loco a presença das forças ruandesas e moçambicanas no terreno. Trata-se de uma das maiores batalhas travadas pelas tropas dos dois países no combate ao terrorismo na província de Cabo Delgado.
Em conferência de imprensa concedida na tarde de ontem a partir de Mbau, o Major Steven Kuraba revelou que o assalto a Mbau durou oito dias, tendo começado no passado dia 20 de Agosto e terminado no dia 28 de Agosto. Conta que o grupo demonstrou maior resistência, sobretudo na região de Nakiteng, porém, acabou sendo dominado.
A mesma opinião é partilhada pelo Tenente Feliciano Raibo das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), que participou na operação. Raibo considera a batalha de Mbau a mais difícil, mas “com entrega e dedicação foi possível fazermos tudo o que se tinha planificado”.
Raibo garante que, para além da base de Mbau, as bases Siri 1 e Siri 2 também foram destruídas e, neste momento, estão sob domínio das forças moçambicanas e ruandesas.
Entretanto, tal como nas outras operações, as duas forças negaram-se a revelar o número de terroristas capturados e mortos, alegando tratar-se de assuntos militares. Também não foi possível apurar se houve baixas entre as forças moçambicana e ruandesa.
Como todas as zonas severamente afectadas pelos ataques terroristas, a localidade-sede do Posto Administrativo de Mbau encontra-se destruída e completamente abandonada. Os actuais moradores são os militares moçambicanos e ruandeses. (Abílio Maolela, em Mbau)