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sexta-feira, 24 setembro 2021 06:40

Líderes terroristas continuam à solta em Cabo Delgado

Dois meses depois do início das ofensivas militares conjuntas entre as tropas moçambicanas e ruandesas, ainda não foi possível capturar os líderes do grupo terrorista que, há quase quatro anos, semeia pânico e luto em alguns distritos da província de Cabo Delgado.

 

Esta quinta-feira, “Carta” soube que os líderes espiritual e militar, Sheik Hassan e Bonamade Omar, respectivamente, escaparam do recente “assalto” à localidade de Mbau, sede do Posto Administrativo com mesmo nome, tida como bastião do grupo terrorista.

 

Segundo o Major Steven Kuraba, Comandante da Força Especial Ruandesa destacada para Mbau, os dois líderes residiam naquele ponto do país, porém, conseguiram escapar e agora suspeita-se que estejam escondidos nas margens do rio Messalo.

 

Com este facto, é um dado certo que a missão ruandesa poderá terminar sem ter capturado os líderes do grupo terrorista que, ao que tudo indica, ainda se encontram nas matas da província de Cabo Delgado. O facto é que a tropa ruandesa apenas tem missão para actuar na região norte do rio Messalo, sendo que a margem sul daquele rio está a cargo das forças da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral).

 

Assalto a Mbau durou oito dias

 

“Carta” esteve ontem na localidade-sede do Posto Administrativo de Mbau, no sudeste do distrito de Mocímboa da Praia, onde testemunhou in loco a presença das forças ruandesas e moçambicanas no terreno. Trata-se de uma das maiores batalhas travadas pelas tropas dos dois países no combate ao terrorismo na província de Cabo Delgado.

 

Em conferência de imprensa concedida na tarde de ontem a partir de Mbau, o Major Steven Kuraba revelou que o assalto a Mbau durou oito dias, tendo começado no passado dia 20 de Agosto e terminado no dia 28 de Agosto. Conta que o grupo demonstrou maior resistência, sobretudo na região de Nakiteng, porém, acabou sendo dominado.

 

A mesma opinião é partilhada pelo Tenente Feliciano Raibo das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), que participou na operação. Raibo considera a batalha de Mbau a mais difícil, mas “com entrega e dedicação foi possível fazermos tudo o que se tinha planificado”.

 

Raibo garante que, para além da base de Mbau, as bases Siri 1 e Siri 2 também foram destruídas e, neste momento, estão sob domínio das forças moçambicanas e ruandesas.

 

Entretanto, tal como nas outras operações, as duas forças negaram-se a revelar o número de terroristas capturados e mortos, alegando tratar-se de assuntos militares. Também não foi possível apurar se houve baixas entre as forças moçambicana e ruandesa.

 

Como todas as zonas severamente afectadas pelos ataques terroristas, a localidade-sede do Posto Administrativo de Mbau encontra-se destruída e completamente abandonada. Os actuais moradores são os militares moçambicanos e ruandeses. (Abílio Maolela, em Mbau)

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