O jornalista moçambicano Ibraimo Abu Mbaruco encabeça a lista de maio dos 10 casos mais urgentes de defesa da liberdade de imprensa divulgada, ontem, pela One Free Press Coalition, uma união internacional de vários meios.
Ibraimo Abu Mbaruco, ativista de defesa dos direitos humanos em Cabo Delgado e repórter radiofónico, está desaparecido há mais de um ano. Os seus familiares e companheiros continuam sem informação sobre a sua situação ou paradeiro, desde que enviou uma mensagem de socorro a dizer que estava "cercado por soldados".
Esta listagem da One Free Press Coalition, elaborada por editores, evidencia situações de jornalistas cujas liberdades de imprensa foram suprimidas ou que pretendem justiça para os seus casos. A primeira lista foi divulgada em março de 2019 e abria com os casos da filipina-norte-americana Maria Ressa e do saudita Jamal Khashoggi.
Uma vez que o dia da sua divulgação coincide com o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a lista deste mês realça jornalistas que cobrem direitos humanos - "um dos temas mais perigosos", como se avançou no comunicado da One Free Press Coalition.
Entre as dezenas de associados da One Free Press Coaliton estão as agências Bloomberg, Efe, Reuters e AP, a televisão Al Jazeera, os meios europeus Corriere Della Sera, De Standaard, Deutsche Welle, Süddeutsche Zeitung e EURACTIV, os 'económicos' The Financial Times, Forbes e Fortune, a revista TIME ou ainda o The Washington Post.
A One Free Press tem como parceiros o Comité de Proteção dos Jornalistas e a Fundação Internacional das Mulheres nos Meios.
Para ilustrar a pertinência da escolha, com base em dados do Comité de Proteção de Jornalistas, adiantou-se que mais de metade (55%) dos jornalistas detidos em 2020 cobriam direitos humanos e desde 1992 já foram assassinados 306 jornalistas que noticiavam sobre o tema.
As histórias cobertas por estes jornalistas vão dos ataques a minorias à degradação ambiental, passando por protestos antigovernamentais, entre muitas outras.
O segundo caso da lista é o do iraniano Kasra Nouri, condenado a 12 anos de prisão depois de cobrir protestos religiosos em 2018. A família não consegue contactá-lo.
O vietnamita Pham Chi Dung, jornalista independente e fundador de uma organização da sociedade civil que advoga a liberdade imprensa, está a cumprir 15 anos de prisão, depois de ter pedido à União Europeia que adiasse o acordo comercial com o Vietname até este melhorar o seu registo nos direitos humanos.
Ahmed Humaidan, do Barém, foi detido enquanto cobria um ataque a uma esquadra da polícia em 2012. Em 2014, foi sentenciado a 10 anos de prisão.
A egípcia Esraa Abdelfattah, 'blogger', jornalista e ativista de direitos humanos, está detida sem julgamento desde 2019, sob falsas acusações.
Em sexto lugar surge o brasileiro Leonardo Sakamoto e a equipa do Repórter Brasil. Esta organização de jornalismo de investigação tem-se centrado em assuntos como tráfico humano, direitos dos trabalhadores e degradação ambiental. É alvo de ataques cibernéticos, tentativa de assaltos e ameaças anónimas.
A indiana Sandhya Ravishankar tem coberto eleições, política e corrupção, o que lhe tem valido anos de assédio e ameaças, incluindo de morte e violação.
No Uzbequistão, a jornalista independente Agnieszka Pikulicka foi ameaça publicamente pelo ministro do Interior com eventuais processos, depois de noticiar um ataque a um ativista LGBTQ.
A bielorrussa Katsiaryna Barysevich, correspondente de um sítio noticioso, está a cumprir seis meses de cadeia pela sua cobertura dos protestos na Bielorrússia em 2020.
A lista encerra com a russa Daria Komarova, da Radio Free Europe/ Radio Liberty, sujeita a três julgamentos pela sua cobertura dos protestos pro-Navalny. (Lusa)