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terça-feira, 02 fevereiro 2021 06:16

ND associa-se a outras frentes e… pede a verdade sobre Cabo Delgado

Enquanto o Chefe de Estado se indigna com “algumas frentes da sociedade” que, de forma recorrente, dizem não ter informação sobre a real situação que se vive na província de Cabo Delgado, cidadãos, organizações da sociedade civil e partidos políticos (da oposição, diga-se) continuam a clamar pela “verdade” do que acontece no chamado Teatro Operacional Norte.

 

Desta vez, é a Nova Democracia, uma das formações políticas mais activas do país, que pretende saber a verdade, em torno do que está a acontecer naquele ponto do país. Segundo a Nova Democracia, volvidos três anos, desde o início dos ataques terroristas, o Governo e as Forças de Defesa e Segurança (FDS) apenas se desdobram em acções de propaganda política, “ao invés de prestarem os cabais esclarecimentos sobre o que realmente está a acontecer, em Cabo Delgado, e qual é o plano para a urgente erradicação dos terroristas e outros bandos armados, que semeiam luto naquela província”.

 

“Só com a verdade é que será possível mobilizar a nação para enfrentar este combate que não pode ser monopólio do Governo ou dos seus subordinados nas FDS. Está em causa a sobrevivência do Estado moçambicano, do nosso país e do seu tecido social”, refere a Nova Democracia, em comunicado de imprensa, alusivo ao Dia dos Heróis moçambicanos, que se comemora nesta quarta-feira.

 

A Nova Democracia busca ainda as palavras da Ministra das Relações Internacionais e Cooperação da vizinha África do Sul, Naledi Pandor, segundo as quais “vê incapacidade na SADC [organização regional] em acordar o tipo de apoio conjunto, sendo que Pretória encetou todos os esforços possíveis junto do Governo de Moçambique para delinear em conjunto uma agenda de apoio, mas até ao momento ainda não foi possível concretizar exactamente a natureza deste apoio” para dizer que o executivo moçambicano não leva a sério a situação que se vive na província de Cabo Delgado.

 

“Hoje, os moçambicanos têm mais perguntas do que respostas, numa altura em que o número de mortos e raptados, entre mulheres e homens, eleva-se e cerca de 600.000 pessoas estão deslocadas em situação de insegurança alimentar gravosa”, sublinha a fonte, questionando quantos milhões de dólares (norte-americanos) os mercenários nos custam cada mês e que resultados trazem ao país.

 

“Para além de constituir um verdadeiro acto de traição à pátria, a mobilização de mercenários estrangeiros, ao arrepio das normas constitucionais, representa uma verdadeira ameaça ao Estado de Direito Democrático e ao princípio de separação de poderes, quando o Governo ignora o Parlamento em tão sensível matéria”, defende a fonte, para quem o Serviço de Informação e Segurança do Estado devia socorrer-se dos estudos e publicações jornalísticas para entender o fenómeno e não para perseguir os que pensam diferente.

 

Por isso a Nova Democracia apela aos moçambicanos a unirem-se, para pressionar o Governo a dar informações sobre a real situação que se vive em Cabo Delgado. “Exigimos a verdade sobre o que está a ser feito para que os nossos briosos e corajosos jovens na frente de combate tenham os meios necessários para repelir os atacantes e defender a sua vida e das comunidades afectadas”, defende.

 

Referir que um estudo sobre Resiliência Comunitária ao Extremismo Violento, conduzido pelo Centro de Estudos Estratégicos Internacionais da Universidade Joaquim Chissano (CEEI), em coordenação com o Instituto Nacional de Estatística (INE), confirma que 49% da população da província de Cabo Delgado está actualmente deslocada, para além de que 2.5% das casas definidas para o estudo já não existem, 9.6% estão destruídas e 22% desocupadas. (Carta)

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