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sexta-feira, 08 janeiro 2021 02:12

Mais dois cidadãos "levados à força” na calada da noite em Manica pela Polícia encontram-se em parte incerta

É uma situação que está a deixar a família Chingoma, residente na zona de Tswanzwa, na localidade de Sembezeia, no distrito de Sussundenga, província de Manica, num banho de lágrimas, tal a preocupação e os remorsos devido a um rapto realizado em plena calada da noite por elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS) que, transportados numa viatura da instituição, escalaram a residência de Albino Matenganhica Chingoma quando eram 20:00 horas do passado dia 29 de Dezembro, acompanhados do secretário do bairro, de nome Mutanda e levaram com eles o seu filho de nome Tomás Albino Chingoma, de 16 anos de idade.

 

Em entrevista concedida à "Carta" esta quinta-feira, um membro da família – que pediu anonimato pelo facto de a Polícia da República de Moçambique (PRM) ter pedido para não facultarem a informação a mais ninguém, uma vez que está a trabalhar no caso – explicou que a situação criou um autêntico desespero no seio da família, pois a onda de raptos e assassinatos em Manica está a deixar toda a gente alarmada.   

 

De acordo com o parente, Albino e Tomás não têm filiações políticas. No dia 30 de Dezembro, a família foi ao Comando Distrital da PRM de Sussundenga para se inteirar do caso, onde foi informada que não foram os agentes da PRM que o terão raptado, nem que o mesmo estava sob custódia policial. Assim sendo, foi aconselhada a submeter uma queixa às autoridades.

 

A família apresentou, no dia 31, uma queixa-crime contra o secretário do bairro.

 

Solicitado pelas autoridades, o secretário do bairro afirmou e confirmou que agentes da PRM estavam acompanhados por elementos daquela unidade policial e que levaram os dois membros da família Chingoma. Entretanto, a polícia quando ouviu as declarações do secretário, a polícia recomendou que se mantivessem calados, garantindo que tudo faria para encontrar os membros da sua família, sendo que o secretário ficaria sob custódia policial.

 

No entanto, horas mais tarde, viria a regressar à casa sem que houvesse qualquer explicação a família.

 

Preocupada, a família questiona se em Moçambique já existem bandidos que usam viaturas da polícia e exige que as autoridades expliquem o crime ou a razão da sua detenção. Facto é que as autoridades policiais ainda não se pronunciaram publicamente sobre o que terá sucedido.

 

De salientar que, nos últimos meses, vários cidadãos em Manica não só têm desaparecido, como também têm sido encontrados mortos. O caso mais recente é do deputado da Renamo, Sofrimento Matequenha, que segundo a família foi também levado à força por homens trajados com uniforme das FDS.(O.O)

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