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sexta-feira, 23 outubro 2020 04:29

Ataques em Cabo Delgado: “Prefiro 10 homens altamente combativos que 1.000 cobardes” – Comandante da UIR

Foi durante uma concentração, havida na última quarta-feira, na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, que o Comandante da Unidade Intervenção Rápida (UIR), Francisco Quiasse Madiquida, atacou os seus subordinados, que combatem o terrorismo naquele ponto do país.

 

Num áudio de 16 minutos e 04 segundos, que vazou nas redes sociais, Francisco Madiquida abordou a questão da rendição e confirma que os antigos combatentes assaltaram uma base dos terroristas em Diaca e que estão a caminho de Awasse, em Mocímboa da Praia.

 

“Este é o fulcral do vosso problema, porque fizeram 90 dias. Recordem-se que alguns de vocês, senão quase que mais da metade, para se fazerem ao Teatro Operacional Norte foi preciso e muita força (...), foi com a força maior. Até com a promessa de nós retirarmos uniforme a quem não quisesse se fazer presente no Teatro Operacional Norte. Hoje, completaram 90 dias, estamos a preparar efectivos da rendição, não é daqui para aqui e vocês próprios sabem, quando estavam sendo preparados para cá. Os outros que estiveram aqui fizeram mais que isso e tivemos muitos problemas para vos angariar e vir para este teatro” – disse Francisco Madiquida.

 

Prosseguindo: “eu encontro em vocês, um sentido de não entender a missão que vocês transportam. Vocês não estão a entender o sentido da missão que vos traz. Não estão a entender porque estão aqui. Não estão a entender este chamamento pátrio. Não estão a entender onde começa e termina o sacrifício para a defesa de um país (...) o sacrifício para a defesa de um país começa e não termina. Nunca terminou. Porque é a vida toda de uma soberania do Estado”.

 

“Nós tivemos momentos mais que estes (para vocês poderem entender). É mais grave recusar uma missão nobre do chamamento de um país, da maneira como vos trouxemos aqui, coercivamente alguns de vocês (...) apenas vieram para aqui para dizer que o relógio deve começar de um para aqui e pronto acabou, para eu poder ir-me embora. Não têm o sentido patriótico, não existe em vocês (...) existem em vós sim, cumprir porque têm emprego, mas trabalhar não querem. Cumprir aquilo que você foi dito, acabou e chegou no final do mês recebeu e prontos. Mas, não têm o sentido patriótico”, considerou.

 

Indo mais, o Comandante afirmou: “a noção de soberania de um Estado vocês não têm. Este país para chegar até onde estamos (hoje) muitos se sacrificaram, não falo dos 10 anos, estou a falar dos 16 anos que nós outros, por onde passamos para manter este país e ter a vocês, nossa juventude, nossos filhos, forma-los para dar a continuidade da defesa e integridade deste país, e hoje nos trazem esta incongruência. Estamos a falar agora, estão agora antigos combatentes a entrarem em Awasse, já tomaram Diaca (...) até quando nós vamos usar os velhos e vocês jovens a fazerem o quê?”, questionou a fonte.

 

“(...) são pessoas com bengala que hoje estão a entrar em Awasse. Porque a nossa juventude pura e simplesmente ignora. Que futuro vão ter para com este país? Vocês próprios não entendem o sentido de sacrifício. Vocês próprios não entendem donde começa o sacrifício e não tem fim (...)”, criticou Madiquida.

 

Recorrendo ao seu historial por ter combatido em Marínguè, em Sofala, onde ficou mais de seis meses numa zona inundada e sem conseguir ter acesso a outra realidade, Francisco Madiquida afirmou: “se vieram aqui só porque querem emprego para receber e não querem trabalhar, então, que o digam agora. Eu já disse, prefiro 10 homens do que 1.000 cobardes. Prefiro 10 homens altamente combativos, do que 1.000 cobardes. Quem não quer estar connosco, então, que entregue a arma. E nunca pensar que eu vou aceitar que o Comandante-Geral desvincule da Intervenção Rápida para ir pôr na protecção, porque na protecção não aceitamos cobardes”.

 

Acrescentando, o dirigente disse: “se não tem sentido patriótico, então é ir para casa (...) que digam agora que nós não queremos defender a pátria e da defesa da integridade territorial. Eu não vou fazer da protecção um covil, porque lá na protecção estão nas zonas recônditas a combater bandidos (...). Eu disse, ao ser mandado para cá tornar a Intervenção Rápida forte, actuante, corajosa, disciplinada e frontal. Eu não quero uma Intervenção Rápida moleza. Não quero uma Intervenção Rápida mimada, que dois dias depois quer ir para casa, estar com a sua mulher (...)”.

 

No fim do seu discurso, Madiquida determinou que os reivindicadores fossem levados a Miéze, no distrito de Metuge, onde se localiza o maior estabelecimento penitenciário da província de Cabo Delgado.

 

Refira-se que o sermão se deveu à revolta dos elementos da UIR, que negaram de garantir protecção às populações na cidade de Pemba. Assim, os envolvidos terão um processo disciplinar, para além de que não serão movimentados para qualquer ramo da Polícia. (Carta)

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