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segunda-feira, 20 abril 2020 05:43

De Paquetiquete a Mueda: Os difíceis dias da população que foge dos ataques

A violência, que se faz sentir na província de Cabo Delgado, tende a criar, cada vez mais, desordem em quase todos os distritos. De acordo com relatos dos residentes de Pemba, Mueda, Palma, Macomia e Mocímboa da Praia, nos últimos dias, o cenário deteriorou-se naquele ponto do país, não havendo espaço para o respeito dos direitos humanos, de ambas partes (insurgentes e militares).

 

Por exemplo, na sexta-feira, em Paquetiquete, um dos históricos bairros da Cidade de Pemba, que nos últimos dias vem recebendo vários deslocados, provenientes dos distritos assolados pela “guerra silenciosa” e tratada pelas autoridades como “incursões esporádicas”, os militares entraram e começaram a chicotear, indiscriminadamente, os cidadãos residentes naquele bairro e arredores, tudo porque se acredita que, entre os refugiados, existem membros integrantes do grupo terrorista que, desde Outubro de 2017, vem protagonizando decapitações, destruição de propriedades públicas e privadas e instalando a desordem na província.

 

Em Paquetiquete, os militares impuseram um recolher obrigatório, que começa as 17:00 horas e termina às 05:00 horas. Qualquer um que desobedeça esta norma é detido ou violentado. De acordo com as fontes, a situação já é insustentável, pois, os cidadãos não têm para onde recorrer, porque a Polícia que os devia proteger é a mesma que os violenta.

 

Com a violência a extremar-se naquele ponto do país, os funcionários públicos e de empresas privadas têm estado a abandonar os distritos. A título de exemplo, uma circular com o número 01/GDM/SD/900/2020, do Governo distrital de Mueda, intitulada “solicitação de funcionários e agentes do Estado” requer a apresentação, até esta segunda-feira, de funcionários no seu posto de trabalho para que não sejam descontados.

 

Nos distritos de Macomia, Muidumbe, Mocímboa da Praia, Nangade e Mueda, as populações estão sem os serviços bancários, devido à acção dos terroristas. Os serviços públicos e privados funcionam a meio gás. Há distritos quase fantasmas.

 

Refira-se que a situação que se vive em Cabo Delgado vem merecendo diversas críticas da sociedade, incluindo parceiros de cooperação do Governo, como é o caso do Bispo de Pemba, Dom Luiz Fernando Lisboa, que, à RTP África, descreveu a situação de desoladora.

 

Por seu turno, o Presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos, Luís Bitone, defendeu, em entrevista à Rádio Moçambique, que exigiu as autoridades a acionarem os mecanismos para o esclarecimento do rapto do jornalista Ibraimo Abú Mbaruco, raptado a 7 de Abril passado. (O.O. com redacção)

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