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terça-feira, 14 abril 2020 06:20

Fuminho deve dizer com quem se relacionava e quem lhe protegia em Moçambique - Análise de Marcelo Mosse

Uma extradição imediata de Fuminho para o Brasil, como pretendem as autoridades brasileiras, não é a mais viável para a justiça moçambicana. Sobretudo se essa extradição for feita apressadamente, sem que Fuminho seja interrogado localmente e revele sua teia de cumplicidades locais e o património acumulado com a lavagem do tráfico feito dentro de Moçambique, incluindo a introdução de drogas no nosso país.

 

Uma extradição imediata de Fuminho para o Brasil, sem o expediente do seu interrogatório local, só poderá fazer levantar uma suspeita: o receio de sectores das classes política e económica local se verem relacionados a um dos maiores traficantes de drogas da actualidade, seus nomes e negócios sujos revelados. 

 

O que não estranharia! Fuminho veio a Moçambique porque este país já provara se protector de narcotraficantes, alguns dos quais seguem financiando o Partido Frelimo.

 

O Brasil precisa de uma extradição imediata porque Fuminho não foi encontrado com drogas no seu apartamento no Montebello. Mas a Polícia moçambicana tem evidências de suas ligações com correios de drogas que nos últimos anos infestaram Moçambique com cocaína e heroína vinda do Brasil. 

 

Só isso é motivo para ele ele permaneça encarcerado por umas semanas em Maputo, altamente guarnecido pelas três forças que participaram da sua detenção (e não unicamente a Polícia Federal brasileira, como arrogantemente a imprensa daquele país tem sugerido).

 

Uma delação de Fuminho sobre suas ligações com Moçambique exporia as teias criminosas que permitiram sua actuação no nosso país, e a extensão de traficantes a si relacionados, bem como elementos das autoridades que lhe deram uma guarida corrupta. Moçambique e os moçambicanos precisam dessa informação. 

 

Queremos saber os nomes dos bois que pastavam nesta selva de enriquecimento ilícito, fingindo-se empreendedores de nata quando não passam, também eles, de traficantes cujo património ilícito deve ser confiscado imediatamente.

 

O Brasil não deve reivindicar Fuminho para si só. Ele é um traficante transnacional. Vários países esfregam as mãos para registar duas declarações. Nós estamos nesse grupo. A delação de Fuminho sobre seu capitulo moçambicano será um grande instrumento contra a promiscuidade e impunidade locais. (Marcelo Mosse)

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