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Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
terça-feira, 24 março 2020 05:47

Os encontros de Comiche (incluindo uma reunião da Comissão Política da Frelimo) e a relutância de Quilambo

Eneas Comiche, o edil de Maputo, entrou em quarentena domiciliária no passado dia 19 de Março, de acordo com a comunicação oficial do Município da capital. Ele regressara de Londres no dia 13 de Março, sexta feira, na companhia de José Nicols, Vereador do Ordenamento Territorial, e Eduardo Zaqueu, do Gabinete de Relações Internacionais da edilidade.

 

Os três participaram num evento onde também esteve o Príncipe Albert II, do Mónaco. Como se sabe, o Príncipe monegasco testou positivo para o Covid 19. A 13 de Março, o alerta mundial sobre o Novo Corona Vírus já era alto e a quarentena obrigatória para quem esteve em países altamente infectados uma recomendação quase que obrigatória em todo o mundo.

 

No dia seguinte ao do seu regresso, Comiche foi visto no cemitério de Lhanguene, na companhia de familiares em cerimónia privada. Mais tarde, nesse sábado, ele se juntou a um encontro ontem estavam vários membros do Partido Frelimo, incluindo governadores e secretários de Estado nas províncias.

 

No dia 16 de Março, Eneas Comiche passou horas no seu gabinete no Paços do Conselho e no dia seguinte (17) orientou uma reunião do Conselho Autárquico, com suas dezenas de membros. No dia 18, Comiche participou da reunião da Comissão Política da Frelimo, orientada pelo Presidente Fiipe Nyusi.

 

Só no dia seguinte, 19, é que ele, sentindo-se indisposto, entrou em quarentena domiciliária. Ou seja, depois que regressou de Londres, Comiche teve “contacto próximo” com diversas pessoas, incluindo seus netos, que terão sido testados ontem por uma equipa médica do ICOR (Instituto do Coração), de acordo com fontes de “Carta”. 

 

O nosso jornal apurou que alguns membros séniores da Frelimo, que interagiram com Comiche, estão a ser testados. Nas hostes do partido instalou-se algum “pânico” dada a possibilidade de infecção dalgumas das suas figuras proeminentes (no caso de o edil estar infectado). Eneas Comiche já foi testado mas os resultados ainda não foram divulgados, não se sabendo se são positivos ou negativos. Isso saber-se-á nos próximos dias, esperando-se que sejam publicados, dado o alarme criado pela sua situação na opinião pública.

 

A Comunicação da edilidade continua a defender que Comiche seguiu todos os procedimentos que devia. “Foi cumprido o protocolo sanitário fronteiriço, numa altura em que o Reino Unido ainda não fazia parte dos países que mereciam atenção especial” e entrou em quarentena, no dia 19, dia em que a terra de Sua Majestade entrou na lista de países de “alto risco”.

 

O reitor da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Orlando Quilambo, também está a ser severamente questionado. Ele regressou de Lisboa no passado dia 15 de Março, domingo, mas continuou seguindo normalmente seus afazeres profissionais. Colegas na UEM estão alvoraçados. Crêem que Quilambo devia ter-se submetido à quarentena domiciliar. Algumas figuras públicas que estiveram com Quilambo na mesma ocasião em Portugal (ele recebeu um doutoramento Honoris Causa na Universidade da Beira Interior) decidiram submeter-se ao auto-isolamento. Trata-se do poeta e professor universitário Filimone Meigos.

 

Ontem procuramos chegar à fala com o reitor Quilambo, mas em vão. Entretanto, uma fonte da UEM disse que a justificação que é dada para Quilambo não estar em quarentena é a de que, quando ele regressou de Lisboa, a 15 de Dezembro, Portugal ainda não tinha sido declarado como um “país alto de risco”. 

 

As primeiras medidas internas de contenção foram anunciadas a 12 de Março e impunham que quem chegasse de um país estrangeiro com mais de mil casos de Covid 19 devia fazer quarentena obrigatória. Não era o caso de Portugal. Mas mesmo assim, há quem pense que o reitor devia ter-se submetido ao auto-isolamento, dado as suas enormes responsabilidades e porque o cargo é de nomeação presidencial. (M.M.)

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