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sexta-feira, 22 novembro 2019 06:05

Ataques em Cabo Delgado: A longa luta pela sobrevivência das famílias que fogem dos insurgentes

Zona d Namatil-Mueda, população a se refugiar para o vizinho Tanzânia(a esquerda) Tractores de um Empresário local de Muidumbe incendiados pelos insurgentes (a direita)

Tornou-se insuportável e arriscado permanecer na aldeia de Miangalewa, no distrito de Muidumbe, na província de Cabo Delgado. Tal como acontece na maior parte dos distritos atacados pelos insurgentes, em Miangalewa, a população também está a abandonar as suas residências, em busca de locais supostamente seguros, de modo a dar continuidade à sua vida.

 

Fontes da “Carta”, baseadas naquele distrito atravessado pelo Rio Messalo, contam que o ambiente vivido naquela aldeia é de medo e total terror, motivado pelo ataque levado a cabo pelos insurgentes, no último fim-de-semana.

 

 

À “Carta”, uma fonte afirmou que a população está a fugir de Miangalewa, sendo que alguns residentes, com posses, colocam toda a sua bagagem em transportes, com destino às vilas dos distritos de Mueda, Mocímboa da Praia, Macomia e Pemba. As que não têm sequer 1 Centavo caminham longas distâncias com os seus pertences na cabeça e bebes ao colo, em busca de melhores condições de segurança, apesar da incerteza do destino, pois, temem um ataque-surpresa pelo caminho.

 

Outra fonte garante que grande parte da população que partiu de Miangalewa tem como destino o distrito de Mueda, concretamente, a histórica localidade de Namatil. Outra parte pensa até em atravessar o Rio Rovuma para a vizinha Tanzânia. A fonte assegura que a aldeia de Miangalewa ficou deserta, após o ataque do último fim-de-semana.

 

Situação similar vive-se na aldeia Mbau, no distrito de Mocímboa da Praia, onde a população decidiu abandonar o local, após dois ataques consecutivos, tendo como destino a vila-sede daquele distrito e a cidade de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado. Mbau é descrito, hoje, como uma aldeia fantasma.

 

Devido à situação que se vive na zona norte daquela província, o Governo e algumas organizações têm procurado ajudar algumas comunidades afectadas e que enfrentam situações de fome e carência.

 

Entretanto, esta semana, mais um suposto comunicado do Estado Islâmico (EI) voltou a circular, através das redes sociais, em que aquela organização terrorista reclamava mais ataques, no país, concretamente, nos distritos de Nangade.

 

O referido comunicado, escrito em árabe, dizia: “com a orientação do Deus todo-poderoso, os soldados do califado foram capazes de atingir espiões que trabalhavam para o exército moçambicano cruzado na área de Nangade, perto da fronteira fictícia entre Moçambique e Tanzânia, dois dias atrás, com armas automáticas. Isso resultou na morte de 11 apóstatas. Louvor e obrigações sejam para com Deus”. (Carta)

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