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sexta-feira, 30 novembro 2018 03:12

As eleições de Marromeu e uma mentira grosseira de Abdul Carimo Essau

Abdul Carimo Essau, o Presidente da Comissão Nacional de Eleições, disse ontem uma mentira de todo o tamanho sobre a eleição de Marromeu na passada quinta feira: que a contagem dos votos nas mesas começou imediatamente após o fecho das urnas. Quem esteve atento à cobertura televisiva na noite de 22 de Novembro viu coisas sinistras. As mesas de Assembleia de Voto estavam vazias e a contagem só começou efetivamente depois das 20 horas. Até lá, os membros das mesas haviam sumido, alegando que foram comer.

Ninguém realmente sabe o que aconteceu com as urnas naquele intervalo de tempo. Mas Carimo tentou ontem passar uma esponja sob essa nódoa intensa das eleições de Marromeu onde, de acordo com os resultados divulgados pela CNE, a Frelimo e a Renamo saíram empatadas: a nova Assembleia Municipal será composta por oito membros da Frelimo, oito da Renamo e um do MDM. Por outras palavras, a Frelimo não poderá passar nada através da Assembleia sem o consentimento de pelo menos um único membro do MDM.

Os resultados divulgados oficiais deram vitória à Frelimo, com 8 395 votos correspondente a 45,78%, contra 8349 votos equivalentes a 45,53% da Renamo, e 1594 votos similares a 8,69% do MDM. Ou seja, uma diferença de 0.25%, num total de 46 votos que separa a Frelimo e a Renamo. Abdul Carimo disse que as eleições decorreram num ambiente “pacífico e ordeiro”. “As eleições de Marromeu realizaram-se dentro do ambiente previsto e as situações que ocorreram foram de pouca expressão, até porque não recebemos nenhuma reclamação nas mesas por parte dos delegados dos partidos e nem dos observadores”, disse Carimo.

Este facto foi desmentido por sete vogais da CNE e pelo dois mandatários dos partidos concorrentes, nomeadamente, a Renamo e o MDM. André Magibiri, mandatário da Renamo, disse que a CNE devia ter vergonha do que estava a fazer, porque mentiu. “O que acabamos de assistir nesta sala, chama-se centralização nacional e apuramento geral do roubo de votos que aconteceu no município de Marromeu. Não tem outro nome. O próprio Presidente da CNE mentiu perante todos nós. Ele afirmou que o apuramento iniciou logo após o encerramento das mesas. Isto não é verdade. Eu estava em Marromeu, onde pura e simplesmente os membros das mesas ficaram sentados, em vez de fazerem a contagem dos votos (…). Não podemos estar aqui a mentir ao público”, reiterou Magibiri.

Por sua vez José de Sousa, mandatário do MDM, lamentou a atitude do Presidente da CNE, chamando de “lastimável mentira e pura vergonha”. Para Sousa, Abdul Carimo devia ter evitado, proferir incongruentes mentiras. Numa reacção à “novela eleitoral” em Marromeu, Fernando Mazanga, vogal da CNE pela Renamo, disse que estranhava o que acabava de acontecer naquele momento. Mazanga informou que o Presidente da CNE, durante a última reunião plenária daquele órgão, na terça-feira, apresentou uma proposta de recontagem dos votos, mas curiosamente na hora de votar absteve-se.

Mazanga referiu que, durante a reunião, sete vogais votaram a favor da proposta de recontagem feita pelo Presidente da CNE, rejeitando uma proposta alternativa que apontava para a validação dos resultados. Ele revelou que houve alguma coação contra certos certos provenientes da sociedade civil que foram forçados a votar pela validação dos resultados. Questionado por “Carta” sobre o tipo de coação, Mazanga não detalhou a natureza da intimidação.

Na plenária de terça feira, alguns vogais apresentaram uma contestação contra a validação do apuramento central, manifestando também sua indignação com a postura de Carimo. Entre os nomes que subscreveram a contestacao constam os de Meque Brás, Fernando Mazanga, Latino Ligonha, Celestino Xavier, Barnabé Ncomo, Apolinário João e José Belmiro, indicados pela Renamo e pelo MDM. O jornalista Salomão Moyana, que entrou na CNE pela mao de Afonso Dhlakama, não tomou posição.

Alcido Nguenha, representante da Frelimo, felicitou a CNE e o STAE pelo “excelente trabalho” em Marromeu. No entender de Nguenha, as eleições foram livres, justas e transparentes. No meio de acusações, lamentações e felicitações dos partidos políticos, os resultados das eleições de Marromeu foram ontem encaminhadas para o Conselho Constitucional (CC). 

Entretanto, o Tribunal Distrital de Marromeu indeferiu o pedido da Renamo de impugnação dos resultados, alegadamente por não ter sido feito previamente. Magibiri diz que isso não constitui  verdade. Diz que tem provas concretas de que os resultados de 22 de Novembro foram produzidos no gabinete. Segundo ele, os representantes dos partidos políticos não tiveram as atas das mesas porque alegadamente os presidentes das oito mesas fugiram antes do término da contagem, o que levou a Renamo a abrir um processo-crime no Comando Distrital da Policia de Marromeu. (Omardine Omar)                 

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