A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) desmentiu hoje que esteja iminente uma crise de produção e fornecimento de electricidade devido a factores “hidro-climatológicos adversos”.
No início desta semana, Carta de Moçambique recebeu, de fontes seniores da empresa, alegações de que a hidroeléctrica estava com níveis de armazenamento útil da albufeira abaixo de 5%, o que, caso o fenómeno El Niño (seca severa) na região se agrave, poderia paralisar a produção e fornecimento de energia eléctrica.
Para além desta alegação, nossas fontes denunciaram uma suposta falha na gestão do reservatório da albufeira. Elas disseram que os níveis actuais - o tais 5% - da reserva da albufeira decorriam do facto de ter havido três descargas desnecessárias entre Setembro e Dezembro do ano passado.
“Carta” submeteu nesta semana estas alegações à Administração da HCB e a resposta chegou na forma de uma Nota de Imprensa, que será distribuída à generalidade da comunicação social no dia de amanhã. De acordo com a nota da HCB, os níveis de armazenamento actuais situam-se nos 21%”.
“No fim do primeiro período da época chuvosa 2024/2025, a 31 de Dezembro de 2024, a cota da albufeira atingiu 305,20 metros acima do nível médio das águas do mar, o que corresponde a 21,19% de armazenamento útil. As previsões climáticas sazonais do SARCOF – 29 (Southern Africa Regional Climate Outlook Forum – 29) sugerem a possibilidade de ocorrência do fenómeno La Niña, até ao fim da época chuvosa 2024/2025, com elevada probabilidade de chuvas normais nesta região, em particular na Bacia do Zambeze”.
Por outro lado, a HCB nega ter realizado descargas em 2024. “Associada às medidas de gestão hidrológica, que incluíram a suspensão de qualquer descarga durante todo o ano de 2024, a HCB espera recuperar, no fim do ano 2025, o nível de armazenamento que permita alcançar uma produção hidro-energética com potencial para satisfazer as necessidades do país e da região, no presente ano e subsequentes".
Para além de rejeitar as gravíssimas alegações, a HCB exulta com seus resultados operacionais, referindo que alcançou, em 2024, uma produção total de 15.753,52 GWh, “num contexto hidro-climatológico adverso caracterizado por uma seca severa imposta pela ocorrência do fenómeno El Niño, cujo impacto negativo levou à adopção e implementação de medidas de gestão da exploração da albufeira, que visavam salvaguardar a segurança hidráulico-operacional da Barragem e infra-estruturas conexas, o que permitiu que a Cahora Bassa tivesse níveis de armazenamento de água melhores do que as barragens dos países a montante”.
A Nota de Imprensa cita o PCA, Tomás Matola, dizendo: “o desempenho de 2024 poderá gerar resultados líquidos de mais de 225 milhões de dólares norte-americanos, valores que ultrapassam os registos do exercício económico de 2023 e de toda a história da HCB. Como resultado deste desempenho, estima-se que, em 2025, a HCB contribua para os cofres do erário público, entre impostos e taxas, (IRPS, IRPC, IVA e taxa de concessão), mais dividendos, com cerca de 292 milhões de dólares norte-americanos (cerca de 18,5 mil milhões de Meticais), o que demonstra o papel estruturante e estratégico da Hidroeléctrica de Cahora Bassa no desenvolvimento do país e na melhoria das condições de vida dos moçambicanos.” (M.M.)