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quinta-feira, 03 agosto 2023 06:17

Greve dos médicos: MDM acusa Governo de arrogância

Ismael Nhacucue portavoz mdm min

O partido Movimento Democrático de Moçambique (MDM) criticou com veemência, esta quarta-feira (02), a postura do Governo de pautar pela ameaça à classe médica que, em greve, reivindica os seus direitos. O MDM diz que a atitude do Governo é de total arrogância.

 

O partido fez estes pronunciamentos um dia depois de o Governo, no fim da 27ª Sessão Ordinária do Conselho de Ministros, agravar ameaças à classe médica, ao afirmar que pretende contratar 60 médicos para substituir os médicos que aderiram à greve em todo o país.

 

“O Governo, que tanto reclama de recursos financeiros, afinal tem dinheiro para contratar mais 60 médicos, uma autêntica dissonância cognitiva entre a retórica de falta de recursos financeiros para dar aos médicos actuais, mas existem para ir contratar mais médicos, que ninguém sabe onde, pois, os que estão em Moçambique já fazem parte da associação médica. Este discurso é dissonante, aliado a uma postura de arrogância e intolerância ao pensar diferente”, afirmou Ismael Nhacucue, porta-voz do MDM. 

 

Além disso, falando em conferência de imprensa em Maputo, Nhacucue disse que o MDM acha muito estranho que o Governo queira neste momento de ruptura entre as partes iniciar com uma revisão ao estatuto médico que se consubstancia na diminuição generalizada dos subsídios, como de risco, exclusividade, de turno, dentre outros, aumentando cada vez mais as desconfianças entre as partes.

 

Aliado a este facto, o MDM critica a elaboração de processos disciplinares para intimidar “uma classe que soube em vários momentos da nossa história e sem privilégios prestar um serviço digno à sociedade moçambicana, como foi no caso da Covid-19, que sobre várias incertezas e medos nunca recuaram e suportaram um sistema de saúde com todas as deficiências que conhecemos, desde questões materiais até aos problemas financeiros”.

 

Para além de criticar, o porta-voz do MDM exortou o Governo a ter uma postura mais dialogante, mais compreensiva e assegurar os melhores caminhos para resolução pacífica desta situação, pois qualquer ruptura e extremar de posições demonstra a incapacidade do Executivo de gerir com transparência e dignidade os problemas do país.

 

A greve nacional em causa foi convocada pela Associação Médica de Moçambique (AMM) por meio de aviso prévio datado de 28 de Outubro de 2022, acompanhado do correspondente caderno reivindicativo, dirigido ao Ministério da Saúde, tendo sido, simultaneamente, dado a conhecer ao Presidente da República, ao Primeiro-Ministro, ao Ministério da Administração Estatal e Função Pública e ao Ministro da Economia e Finanças.

 

Passados cerca de nove meses de greve intercalar, a AMM afirma em nota informativa, datada de 01 de Agosto e a que “Carta” teve acesso, que não se percebe a razão de tanta resistência por parte do Governo em satisfazer as reivindicações dos médicos que são justas e com cobertura legal.

 

Apesar das ameaças, a AMM afirma na nota que “tudo fará, dentro da lei, para que os seus direitos e interesses reflectidos no caderno reivindicativo sejam respeitados e satisfeitos, de tal forma que, no dia 05 de Agosto, a AMM vai realizar uma caminhada nas artérias da Cidade de Maputo pela melhoria das condições para o diagnóstico e tratamento dos pacientes”.

 

Refira-se que ainda esta quarta-feira os médicos em greve submeteram uma providência cautelar ao Tribunal Administrativo para anular as faltas e processos disciplinares. A AMM garantiu ainda que vai recorrer a entidades internacionais para ver os seus direitos salvaguardados. (Evaristo Chilingue)

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