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terça-feira, 07 março 2023 06:40

Renamo rejeita recandidatura de presidente moçambicano a 3º mandato

ossufo renamo min

O líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) afirmou que o actual Presidente não se pode recandidatar a um terceiro mandato, salientando que a Constituição proíbe essa ambição e que o povo moçambicano quer alternância política.

 

"Aquilo que [Filipe] Nyusi quer eu não posso ser testemunha, o que eu tenho de defender é a Constituição da República: todo o Presidente deve cumprir dois mandatos" no máximo, afirmou à Lusa Ossufo Momade, em entrevista em Lisboa, onde se deslocou para um encontro do Instituto Democrático do Centro (IDC, organização que agrupa partidos do centro-direita).

 

"Todos aqueles que passaram por lá, fizeram dois mandatos - Chissano, Guebuza - porque é que este vai fazer três mandatos?" questionou Momade, que se mostrou confiante numa vitória nas eleições gerais de 2024.

 

O actual Presidente, Filipe Nyusi, venceu as eleições presidenciais moçambicanas de 2014 e 2019 como candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder).

 

"O problema não é do nome [do candidato], o problema é do regime. O problema é do partido-Estado", a Frelimo que tomou conta do país, afirmou.

 

"O povo moçambicano já sabe, é um partido que está no roteiro há mais de 40 anos e não podemos procurar argumentos. Já chega! A Frelimo já fez o que tinha de fazer e temos de mudar as coisas, porque alternância é aquilo que os moçambicanos querem neste momento", acrescentou o líder da Renamo.

 

Sobre o processo de Desmilitarização, Desarmamento e Reintegração (DDR), negociado nos acordos de paz após a guerra civil, Momade passa também a responsabilidade para a Frelimo.

 

"Nós já fizemos o máximo, já desmobilizamos 15 bases e 90% dos nossos combatentes já estão nas suas casas. Agora nós exigimos que cumpram com aquilo que prometeram aos combatentes, os projectos e as pensões", afirmou, admitindo que existem riscos sociais com a presença de muitos ex-militares sem formas de subsistência adequadas. 

 

"Foram feitas promessas, agora o que falta é a sua materialização e isso é da responsabilidade do Governo e da comunidade internacional", salientou Momade.

 

O presidente da Remano comentou também a instabilidade no norte do país, na província de Cabo Delgado, palco de ataques de insurgentes e extremistas islâmicos, uma situação que motivou o envio de uma força internacional para o terreno: "Temos de ir ao início da situação que foi em 2017 e nessa altura já havia informações" sobre problemas sociais na região, mas "o Governo desprezou os sinais".

 

"Nós vimos, na altura, que alguns distritos foram abandonados" pelo poder central, disse, dando exemplos como Mocímboa da Praia, Palma ou Macomia. Quanto ao futuro, Ossufo Momade defendeu negociações com os insurgentes, para retirar o apoio da população a movimentos radicais islâmicos.

 

"Nós pensamos que para todo o conflito terminar deve ser por via do diálogo", afirmou o líder da Renamo, advogando que a "população volte para as zonas de origem".

 

 Sobre a possibilidade de realizar eleições na região, Ossufo Momade mostrou-se céptico. "Penso que não há condições", considerou, dando o exemplo de um ataque recente em Muidumbe, apesar das promessas de pacificação.

 

"Não é possível o nosso delegado de candidatura, nem os próprios elementos da Comissão Eleitoral, irem até lá", porque não há "nenhuma segurança" na região, sublinhou. (Carta)

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