Raptos alegadamente protagonizados por agentes da Unidade de Intervenção Rápida - UIR, muitas das vezes, sem o conhecimento das tropas estrangeiras, estão ainda a preocupar a população e em particular agentes económicos da sede do distrito de Nangade, norte de Cabo Delgado.
Uma comerciante local que pediu anonimato disse à "Carta" que o mais recente rapto aconteceu na noite de sábado e a vítima é um agente económico, bastante conhecido ao nível de Nangade-sede.
Contou que, por volta das 20:00 horas, homens fortemente armados e que se presume serem parte da Unidade de Intervenção Rápida-UIR invadiram a casa do comerciante, localmente conhecido por Anassi, no bairro Ndengamade e raptaram-no para parte desconhecida. Até último domingo, nada se sabia sobre o paradeiro do referido comerciante.
Anassi beneficiou no ano passado de um tractor no âmbito do Programa Sustenta e, em 2020, a sua viatura basculante com a respectiva mercadoria foi queimada por terroristas no troço Nangade - Pundanhar. Igualmente possui um estabelecimento comercial no mercado central de Nangade-sede.
Segundo a fonte, outros comerciantes, que nos últimos dias tentam regressar a Nangade-sede depois de se terem refugiado à Tanzânia, são ameaçados quase todos os dias e obrigados a dar dinheiro aos agentes da UIR, alegadamente porque estão associados ao terrorismo.
Várias fontes em Nangade-sede confirmaram igualmente que, no passado dia 25 de Dezembro, elementos da UIR tentaram raptar um outro comerciante de nome Ntopa, hoje refugiado na cidade de Pemba, por motivos de segurança.
Quando os agentes invadiram a casa de Ntopa, na madrugada do dia da Família, este conseguiu escapar e foi apresentar queixa no comando distrital, mas mesmo assim, furaram a tiro a sua viatura estacionada no quintal. (Carta)