As bombas de combustíveis que encerraram na Beira, poucos dias depois de o Presidente da República (PR), Filipe Nyusi, denunciar a existência de donos de postos de combustível, em Sofala, que usam o negócio para lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo em Cabo Delgado, são de origem tanzaniana.
A Lake Oil faz parte do Lake Oil Group, da Tanzânia, e começou a instalar-se na Beira desde 2016, quando o Governo relaxou o quadro legal, abrindo caminho à proliferação de gasolineiras e uma liberalização extrema da venda a retalho de combustíveis, permitindo a operação de bombas de gasolina de linha branca, designadamente não vinculadas a qualquer gasolineira que faz importação.
No fim de semana, a TV Sucesso relatou que, antes de abandonar o país, o proprietário mandou retirar todos os camiões do parque e encerrou os postos de abastecimento sob sua alçada. Sem justificação, deixou os trabalhadores ao “deus-dará”.
O Lake Oil Group, fundado em 2006 e avaliado em 1 bilião de USD, apresenta-se como um dos conglomerados de comércio e transporte de energia que mais cresce em África, fundado, sendo um dos maiores distribuidores de produtos petrolíferos na Tanzânia. Seu dono, Aly Awadh, é um dos homens mais ricos naquele país.
O Lake Oil Group distribui e comercializa produtos de combustível na Zâmbia, RDC, Burundi e Ruanda e possui instalações de armazenamento de petróleo na Tanzânia e na República Democrática do Congo. A empresa também fabrica lubrificantes e tem um segmento de betão pré-misturado e opera uma frota de mais de 400 camiões-tanque. Também possui operações comerciais e postos de gasolina em Ruanda, Burundi, Moçambique, Uganda, Canadá e Emirados Árabes Unidos (EAU).
Contactado por “Carta”, o Presidente da Associação de Revendedores de Combustíveis de Moçambique (ARCOMOC), Nelson Mavimbe, referiu ter recebido a informação do encerramento abrupto das operações da Lake Oil na Beira pela comunicação social, mas acrescentou que a grupo não faz parte da Associação.
“Nós também recebemos a informação pela imprensa, mas a Lake Oil & Trans não faz parte dos 61 membros da ARCOMOC espalhados pelo país”, afirmou Mavimbe. Ele mostrou-se interessado em saber quem são empresários usam o negócio para lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo em Cabo Delgado para a devida responsabilização.
Esta conexão tanzaniana do Lake Group pode adensar as suspeitas levantadas por Filipe Nyusi. Nalguns círculos, a Tanzânia sempre foi vista como uma força de bloqueio ao desenvolvimento do gás do Rovuma, dado que o país também possui grandes reservas do recurso em fase de monetização. (Carta)