O ataque ocorrido no último domingo, na aldeia Nanduli, distrito de Ancuabe, província de Cabo Delgado, causou a morte de quatro pessoas, de acordo com fontes da Carta de Moçambique. Trata-se de três homens e uma mulher, sendo que duas pessoas morreram carbonizadas no interior das suas residências, após os terroristas terem posto fogo. As vítimas, contam as fontes, estavam doentes, pelo que não conseguiram fugir durante a invasão.

As restantes vítimas foram decapitadas, sendo que um dos decapitados era guarda da fazenda da família de Alberto Chipande, o histórico general da Frelimo que deu o primeiro tiro que desencadeou a luta de libertação nacional. As fontes asseguram que a fazenda dos “Chipande” foi vandalizada pelos terroristas.

Para além de matar, os terroristas raptaram algumas pessoas, não havendo dados concretos sobre o número de pessoas sequestradas. O grupo também incendiou residências, barracas e saqueou bens da população, em particular comida.

O ataque, sublinhe-se, foi confirmado ontem pelo Chefe de Estado, à margem de uma reunião que manteve com o Secretário do partido comunista do Vietnam. Aliás, Filipe Nyusi confirmou o que a Polícia da República de Moçambique (PRM), em Cabo Delgado, disse ser mentira.

Na sua comunicação, Filipe Nyusi afastou a ideia de os terroristas estarem a abrir uma nova frente, alegando que o grupo realiza aquele tipo ataques em busca de comida.

O ataque à Ancuabe voltou a gerar uma nova onda de deslocados. Um vídeo amador partilhado nas redes sociais ilustra um autocarro lotado de pessoas que fugiam de Ancuabe para a cidade de Pemba, na noite do último domingo. Aliás, há quem diga haver pessoas que estão a sair da cidade de Pemba para a cidade de Nampula por temer ataques terroristas naquele ponto do país, tendo em conta que a vila-sede do distrito de Ancuabe dista a pouco mais de 106 Km da terceira maior baia do mundo.

Refira-se que os ataques terroristas já causaram mais de três mil mortos, para além de ter forçado a deslocação de mais de 830 mil pessoas. Desde ano passado que vinte e cinco países estão envolvidos no combate à insurgência, sendo que a maioria trabalha no sector de inteligência e treinamento. (Carta)