Cinco razões: Não há causa; Ela é Mulher; A experiência mostra que essa não é uma acção de resultados desejados; O “timing” também é mau (sendo ano de eleições, e num momento em que a imagem do partidão está na lama) e não está fechado o assunto Chang; O resultado seria catastrófico ainda.
Não há causa? Há sim. Ela, através do CIP, das Televisões que a chamam e a colocam no ar, com o Facebook que não fecha a conta a dela, etc, estão a dar espaço para que ela “abra a boca”. Isso é que é “causa”: Boca Aberta, Boca Grande ou Boca Irrequieta. Todavia, do mesmo jeito que era impróprio, em 1970, uma mulher usar calças e hoje é normalíssimo e, até fica bonito, porquê até hoje não se olha como algo normal, uma cidadã ser um “alto-falante”? É que, as escolas de jornalismo estão aos pontapés pelo país e, aquilo que se ensina, continua a ser a mesma coisa em todas elas: “ensinar a difundir informação; talhar a sociedade de pensamento crítico”.
Portanto, “calar” Fátima não resultaria tão eficazmente, porque os mesmos espaços de aprendizagem e os de difusão, manter-se-ão intactos, activos e com maior força ideológica e, em pouquíssimo tempo, surgiriam novas “Fátimas”. Para quê criar uma Nossa Senhora de Fátima moçambicana?
Ela é Mulher? Sim. A FRELIMO sabe como têm sido cruciais e preciosas as mulheres, no geral (não somente as da OMM), para a mobilização e propaganda ideológica à seu favor. Exemplos recentes do Brasil ou mesmo EUA aonde a onda feminina fez diferença nas urnas devia ajudar a decidir nestes momentos de grande confusão. Talvez Bolsonaro tivesse tido uma luta menos estafante, uma vez que a outra parte era apoiada pelos “Lulistas”, uma ala outrora fragilizada. Todavia, o descuidado discursos de Bolsonaro e irritadiço para as mulheres jogou a seu desfavor funcionando como um “enxame de vespas” em ataque contrário. Em Moçambique, viveu-se um certo tempo e de vazio, com as ausências de figuras femininas de proa, aonde Lina Magaia ou Alice Mabota se destacam.
A sua ascensão gradual e natural, prova que Fátima Mimbiri não escolheu a posição que hoje tem. Ela foi eleita pela massa popular como irmã, mana, mãe, amiga, vizinha querida, etc, e defensora de seus ideias. Nada do que ela tem dito tem sido diferente do que os demais disseram. Joaquim Chissano e Tomás Salomão, por exemplo, falaram demais para pessoas que não são da FRELIMO - mas sim, são a própria FRELIMO. Há dias, Samora Machel Jr. pronunciou-se, igualmente, em relação às dívidas e, coincidentemente, defendeu aquilo que é o enunciado do CIP, sem se esquecer de pedir uma reunião para debater tais situações na FRELIMO.
Todavia, todos esses ditos, não só destes FRELIMISTAS, mas também de outras figuras de relevo, até mais importantes que a Fátima na sociedade moçambicana, não têm tido o mesmo peso ou impacto pois, o que o Povo quer, é ouvir, é confiar e seguir o próprio Povo e, a Fátima Mimbiri é o povo falando para ele mesmo. O discurso dela não é mais bonito, o mais organizado, o mais intelectual que os demais, mas vinga ou penetra nas pessoas pois tem o “tempero popular”, dada a sua espontaneidade. Calar Fátima pode significar um tiro contra todas as mulheres moçambicanas. Seria igual a pedir guerra à Al Quaeda: “nunca se desafia para luta alguém que não tenha medo de morrer” – provérbio popular jihadista. Uma pergunta (que não responderei) à este propósito: quantos homens já venceram uma briga comprada contra uma mulher?...